Sérgio Biagi Gregório
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SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações iniciais. 4. Revelações Anteriores: Moisés e Cristo: 4.1. Visões e revelações; 4.2. Moisés e o decálogo; 4.3. Jesus Cristo e a lei do amor. 5. Ciência e revelação espírita: 5.1. Espírito e matéria; 5.2. O espiritismo surgiu no momento oportuno; 5.3. O procedimento cientifico do espiritismo. 6. O caráter da Revelação espírita: 6.1. Trabalho dos Espíritos e dos homens; 6.2. Universalidade da Doutrina dos Espíritos; 6.3. Continuação da obra de cristo. 7. Conclusão. 8. Bibliografia consultada.
1. INTRODUÇÃO
Qual a autenticidade da Revelação espírita? Há necessidade de uma revelação dada pelos Espíritos? Os homens não a poderiam buscar pelas suas próprias pesquisas? Que autoridade tem a revelação espírita, uma vez que emana de seres falíveis e de limitadas luzes? Qual a utilidade dessas revelações, uma vez que os Espíritos não sabem tudo? Eis algumas perguntas para nossa reflexão.
2. CONCEITO
Caráter – Etimologicamente, caráter quer dizer coisa gravada; do grego character de charassein = gravar. O termo tem dois sentidos diversos: 1.º) caráter, como conjunto de disposições psicológicas e comportamentos habituais de uma pessoa, isto é, a personalidade concreta; 2.º) caráter relacionado à vontade, e nesse caso conota as idéias de energia, honestidade e coerência. No âmbito do tema proposto, diz respeito à autenticidade.
Revelação – Revelar, do latim revelare, cuja raiz, velum, véu, significa literalmente sair de sob o véu — e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. De modo geral, revelação é a manifestação de uma verdade oculta ou desconhecida ou pelo menos obscura. É divina quando feita por Deus; humana, quando o é pelo homem. No âmbito da religião, é o ato pelo qual Deus se manifesta aos homens o Seu desígnio de salvação e Se lhes dá a conhecer.
Espírita – Que diz respeito ao Espiritismo, Doutrina codificada por Allan Kardec, que pressupõe a existência de Espíritos e suas manifestações.
3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Em linhas gerais, qualquer coisa ignota que é divulgada, pode ser considerada uma revelação. Uma pessoa pode revelar algo que pesquisou nos livros. Um gênio, por exemplo, pode revelar algo que descobriu por si mesmo, fruto do progresso de vidas passadas.
Transcrevemos, a seguir, algumas anotações extraídas do capítulo 1.º de A Gênese, de Allan Kardec
"No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxilio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão deus ou seus mensageiros, que por meio da palavra direta, quer pela inspiração".
"Todas as religiões tiveram seus reveladores e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam e aos quais eram relativamente superiores".
"O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita à modificação não pode emanar de Deus".
"Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica".
"O que caracteriza a revelação espírita é o de ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem".
4. REVELAÇÕES ANTERIORES: MOISÉS E CRISTO
4.1. VISÕES E REVELAÇÕES
No processo histórico, encontramos relatos dos diversos fundadores das religiões. Cada qual conta a maneira como se viu tocado por Deus. Maomé, por exemplo, encontrou-se com o arcanjo Gabriel, que o reteve sem soltar, até que ele lhe prometeu seguir o seu mandato de reconhecer a vontade de Alá. Deus revelou-se a Moisés numa sarça que ardia. Quando Paulo foi chamado por Jesus, no caminho de Damasco, cegou-o um resplendor celestial. Para os objetivos do presente estudo, lembraremos apenas das revelações dadas a Moisés e Jesus.
4.2. MOISÉS E O DECÁLOGO
Moisés, por volta de 1600 a.C., revelou aos homens a existência de um Deus único. Recebeu o Decálogo, ou dez mandamentos. Paralelamente, como disciplinador, coloca em prática a lei do olho por olho e dente por dente, de sua própria autoria. Dá a entender que o seu Deus é um Deus de temor, que cobra e castiga sem piedade.
4.3. JESUS CRISTO E A LEI DO AMOR
A revelação dada por Deus a Jesus é uma continuação daquela dada a Moisés. Cristo, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a revelação da vida futura, com suas penas e recompensas. Para ele, Deus não é mais terrível, nem ciumento ou vingativo. Jesus, na realidade, transforma o Deus de temor em Deus de amor.
Cristo complementa a revelação dada a Moisés nos seguintes termos: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Para muitos religiosos, este seria o 11.º mandamento.
Em suas prédicas, geralmente feitas através de parábolas, Jesus promete um outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo não conhece ainda, porque não está maduro para compreendê-lo. Contudo, no momento oportuno o Pai o enviaria.
5. CIÊNCIA E REVELAÇÃO ESPÍRITA
5.1. ESPÍRITO E MATÉRIA
Os gregos da antiguidade acreditavam que o princípio material era composto de 4 elementos: água, ar, fogo e terra. A ciência moderna fala em um único elemento, do qual tudo o mais se origina.
Para uma perfeita compreensão do princípio material, faltava-nos os devidos esclarecimentos sobre o princípio espiritual e sua ligação com o princípio material. O Espiritismo veio nos oferecer esta explicação. Isso é feito através dos estudos sobre os fluidos e o Perispírito, este último como elo de ligação entre a matéria e o espírito.
5.2. O ESPIRITISMO SURGIU NO MOMENTO OPORTUNO
O Espiritismo, que é Ciência, Filosofia e Religião, para se firmar perenemente nos corações humanos, precisava chegar no momento em que a Ciência já tivesse dado os seus primeiros passos, principalmente na aplicação do método teórico experimental. A sua função era a de fazer a ligação entre a matéria e o Espírito. Antes, porém, deveria partir do conhecido, do palpável, ou seja, da ciência. Se tivesse vindo antes, teria abortado.
5.3. O PROCEDIMENTO CIENTÍFICO DO ESPIRITISMO
O Espiritismo procede da mesma forma que as ciências positivas, ou seja, observa, faz hipóteses e tira conclusões. Tem, com relação à Ciência Natural, uma vantagem, pois o Espiritismo não parte da teoria, para confirmar, na experiência, a validade de suas hipóteses. Ele parte dos fatos, para daí formar uma teoria. A teoria acerca da sobrevivência dos Espíritos surgiu porque estes quiseram se manifestar, dar a conhecer o que eles eram e como agiam no mundo dos Espíritos.
Allan Kardec, ainda no capítulo primeiro de A Gênese, enfatiza:
"Apoiando-se em fatos tem que ser progressiva como todas as ciências de observação. As descobertas que a Ciência realiza, longe de o rebaixarem, glorificam a Deus. Unicamente destrói o que os homens edificaram sobre as falsas idéias que formaram de Deus".
"Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele aceitará".
6. O CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA
6.1. TRABALHO DOS ESPÍRITOS E DOS HOMENS
Dissemos anteriormente que a revelação espírita caracteriza-se por ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem. Quer dizer, os Espíritos nos chamam atenção para o fato espírita; depois, deixam-nos o trabalho de pesquisar, meditar e tirar as conclusões. Por que razão deve haver o trabalho incessante do ser humano? É que há Espíritos superiores e inferiores. Distinguindo-os, teremos mais condições de encaminhar o nosso pensamento para a apreensão da verdade. Nesse mister, São João já nos alertava para não acreditarmos em todos os Espíritos, porque nem todos são de Deus.
Pelas relações que hoje pode estabelecer com aqueles que deixaram a terra, possui o homem não só a prova material da existência dos Espíritos como pode extrair deles valiosos ensinamentos. Pelo estudo da situação dos Espíritos, sabe de sua sorte. A reencarnação e pluralidade das existências mostram que Deus, pela sua justiça, deixa-nos sempre uma porta ao arrependimento.
6.2. UNIVERSALIDADE DA DOUTRINA DOS ESPÍRITOS
A universalidade pode ser vista sob o seguinte aspecto: o conhecimento espírita foi sendo revelado concomitantemente em diversos pontos do globo terrestre. Ele não caiu do céu. Foi preciso organizar, analisar, fazer comparações e dispor o material colhido dentro de uma ordem lógica e racional. Este organizador, como a maioria sabe, foi Allan Kardec.
A ciência, em muitos casos, para a descoberta de uma nova invenção, consome a vida toda de um cientista. Com o Espiritismo, aconteceu o contrário, pois havia uma plêiade de Espíritos interessados em apressar a divulgação das novas verdades.
6.3. CONTINUAÇÃO DA OBRA DE CRISTO
A revelação cristã, como dissemos, foi a continuação da de Moises, naquilo que ela tinha de divino. A revelação espírita é uma continuidade da revelação de Cristo. Enquanto a duas primeiras foram locais e pessoais, esta teve uma dimensão universal. Não pertence a um único homem, mas à coletividade. Como Cristo não veio destruir a lei e os profetas, o Espiritismo também não veio destruir a doutrina de Cristo: complementou-a. E isso é fácil de ver, principalmente no que tange à vida futura e à comunicação com os chamados mortos. As coisas ficam mais claras e, qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pode ter conhecimento da Doutrina, cujo crescimento é vertiginoso.
7. CONCLUSÃO
O Espiritismo penetrará todos os povos e religiões, porque está fundamentado na Lei Natural. Como sua revelação não foi local e nem pessoal, tem todos os ingredientes para se tornar universalista e mitigar as aflições que invadem a alma da maioria dos seres humanos.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
Revelação - Complemento
A) ALGUMAS DAS DIVERSAS REVELAÇÕES, ALÉM DAQUELAS ATRIBUÍDAS A MOISÉS E JESUS.
Taoísmo é uma religião e filosofia chinesas, atribuídas tradicionalmente a Lao-Tsé, que resumiu o seu pensamento no Tao te Ching.
Krishna, por volta de 3.000 a.C., foi um mensageiro de Deus que viveu na Índia antiga. Os seus ensinamentos estão no Seu Livro Sagrado, o Gita.
Zoroastro foi um mensageiro de Deus, que nasceu na Pérsia (hoje chamada Irã) há mais ou menos 1.000 a.C. Fundou o Zoroastrismo.
Buda nasceu numa família real do reino de Himalaia, mais ou menos 600 a.C. Foi sob uma árvore, Bodi, na Índia, após muita meditação, que Buda recebeu a iluminação. Daquele dia em diante iniciou Sua grande missão de salvar a humanidade do sofrimento.
Maomé nasceu em 570 d.C., na cidade de Meca, Arábia Saudita. Segundo a religião islâmica, Maomé é o mais recente e último Profeta do Deus de Abraão. Aos 40 anos de idade foi-lhe confiada por Deus (através do anjo Gabriel) o Alcorão, livro sagrado do Islamismo.
Em 1930, Taniguchi funda o Seicho-no-iê (Lar do progredir infinito).
B) VELHO E NOVO TESTAMENTO
Deus se revelou primeiramente em toda a história do povo de Israel por meio de acontecimentos-símbolos, cuja significação deveria ser dada pelos profetas, por meio de visões, sonhos, palavras divinamente inspiradas, cujo sentido é desvendado pelos profetas e hagiógrafos, por meio da reflexão inspirada pelos sábios.
No Velho Testamento, não há um termo específico para designar a revelação. Há, sim, intermediários da revelação, que são: Moisés, os profetas, os salmistas e os sábios.
Nos Sinópticos Jesus dá aos judeus o sentido do Reino de Deus e indica a condição para fazer parte do Reino (Parábolas, Bem-Aventuranças). Conforme São João, Jesus revela aos Judeus de Cafarnaum a natureza da fé. Ela consiste em crer n’Ele porque é o Enviado do Pai. Em Jerusalém, Jesus revela pouco a pouco a natureza da Sua pessoa: Ele é a Luz, o Juiz, a Verdade; é Um só com o Pai.
No Novo Testamento, os termos para indicar a revelação são: keryssein (“anunciar”, “pregar”), evangelizesthai (“evangelizar”), didaskein (“ensinar”), apokalyptein (“revelar”) e matheteúein (“fazer discípulos”, “instruir”). O revelador do Novo Testamento é Cristo que prega e ensina. Pregar (keryssein) significa o anúncio da aproximação do Reino Messiânico e a presença do Messias. Ensinar (didaskein) tem um caráter doutrinal e conota a instauração do Reino Messiânico, inaugurado com a vinda do Cristo. No Novo Testamento, Cristo é o único Mediador propriamente dito da revelação. Os apóstolos e evangelistas têm o encargo de transmitir ou desenvolver, à luz do Espírito Santo, a revelação dada por Cristo. (Cópia de Verbo - Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura - Item Revelação).
Fonte: Site do Centro Espírita Ismael em 05/01/2005 - www.ceismael.com.br
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EM: 03.08.2010