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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ANTES DE TUDO, PERDÃO

Falsas noções de caráter insistem no culto à personalidade, estimulando o egoísmo e os males que dele decorrem.

Conceitos retrógrados repetidos maquinalmente prescrevem a manutenção do clima de ódios e mágoas, em nome da honra.

Considerações obsoletas, transmitidas de geração a geração, atentam contra a harmonia da família humana com funestas consequências.

Para uns, dignidade significa acendrada consideração ao próprio “eu”. Para outros, representa valor que exige desforço pessoal em vindita despótica, quando se creem feridos...

No entanto, nem os primeiros nem os segundos interpretam com justeza a elevada posição da honradez.

Agir com brio ou reagir em nome dele são efeitos mui diversos de conduta social e humana.

A violência perde a força no choque com o não-revide.

O crime se entibia e desaparece diante do amor.

O desrespeito cessa quando desabrocham as vergônteas vigorosas da saúde moral. E em razão disso, o caduco direito da força sucumbe ao imperativo da força da verdade e do direito.

*

Enquanto as suscetibilidades infestam o homem, este mantém nocivos compromissos com a inferioridade.

É desnecessário despojar-se de toda cultura perniciosa para que se ensejem seminários de enobrecimento.

Em vista disso o perdão irrestrito e incondicional tem primazia no programa de renovação de todo homem que busca espiritualizar-se.

Uma fagulha de ira pode atear fogo num depósito de ódio latente.

Uma palavra de cólera oferece combustível para desmandos injuriosos.

Extremunhamento conservado — antipatia em elaboração.

Suspeita incensada — declive derrapante para a inimizade.

A animosidade vitalizada é semelhante à úlcera pútrida nos tecidos orgânicos. Suas emanações venenosas empestam aqueles que se acercam, ampliando o campo de virulência...

Somente o amor, nas bases em que o postulou Jesus, dispõe dos recursos para a conservação da honra no esmero do caráter.

Evita, pois, a maledicência que dilata o círculo das malsinadas suspeitas, buscando aquele que talvez ignore o mal de que te supões vítima, esclarecendo a dúvida e põe cobro à sementeira da aversão em começo...

*

No versículo vinte e cinco das anotações de Mateus, no capítulo cinco, está registrado: “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele”... para que a serenidade real te siga imperturbavelmente.

Hoje o ofensor está contigo. Amanhã, talvez, não o tenhas mais ao lado.

Agora é o momento de desculpar. Depois o tempo terá agravado o mal.

Possivelmente quem te magoa carrega pesado tributo de desequilíbrio emocional sob tormentos que desconheces.

Perdoa hoje e já. Faze mais: ama o verdugo da tua harmonia íntima, da tua honra...

Há forças tirânicas a conspirarem contra o império do amor na Terra.

A Doutrina Espírita revelou-te que, na Erraticidade, deambulam, infelizes e sediosos aqueles que desencarnaram vencidos pelo ódio, corroídos pela azedia do ciúme e dominados pela paixão.

Evoca o Mestre traído pelo companheiro obsidiado; Pilatos indiferente por cegueira moral obsidente; Pedro acovardado por hipnose obsessiva; os amigos distantes por obsessão coletiva e a turba desenfreada por momentânea subjugação, que a todos comandava para a execução do hediondo crime. Todavia, perdoando a todos, antes de morrer, enquanto os perseguidores estavam ali, o Mestre, exorando bênçãos ao Pai, clareou as mentes obnubiladas com o corretivo incorruptível do amor, em festa de luzes inapagáveis.

(De “Dimensões da Verdade”, de Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)