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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

BANCO DA REENCARNAÇÃO, MAIS UM INSTRUMENTO DE EXPLORAÇÃO DA FÉ

João Cabral [jomcabral@brabec.com.br]

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Não se pode servir a Deus e a Mamon. Porém, os atuais mercadores das coisas santas continuam a existir, embora Jesus, há dois mil anos, os tenha repreendido nas cercanias do Templo de Jerusalém. Os tempos modernos parecem comprovar que a exploração da fé volta a fascinar milhões de pessoas em todo o mundo. Nas blasfêmias contra as Leis Divinas, nem mesmo os reencarnacionistas estão livres dos achaques. Circula na internet a notícia sobre a criação de um “banco da reencarnação”. O tal banco funciona exclusivamente no ambiente virtual. Não há agências, nem caixa eletrônicos. O estabelecimento “bancário” oferece aos clientes uma forma de guardar bens para “vidas próximas” e admite receber de joias até títulos e ações, na tentativa de convencer os clientes que acreditam na reencarnação (1).O surgimento do “banco da reencarnação” é um hediondo crime lesa Deus.

Para conseguir deixar as riquezas sob a guarda do famigerado banco da reencarnação, o interessado tem de preencher um questionário detalhado sobre seu patrimônio, bem como o valor estimado do depósito. O banco avalia o formulário para seguir com o processo de depósito. Sensatamente, o FSC (Financial Service Comission), órgão regulador de Gibraltar na Europa, não autorizou a instituição de receber depósitos ou quaisquer outros bens. De acordo com o diretor da FSC, Marcus Killick, o patrimônio do banco foi congelado e os depósitos ressarcidos aos clientes.”(2) Menos mal!

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Até que ponto vai o desrespeito ao próximo? Qual o limite desse escárnio aos valores divinos? Os “gênios” das sombras garantem que "o banco oferece gerenciamento seguro e confiável para os clientes, um lugar estável para que eles possam deixar riquezas e bens para o retorno na próxima vida."(3) Os atuais anjos do mal seduzem os incautos com afirmações do tipo: "se você não deixar nada para trás quando morrer, o que terá quando retornar? Comece a acreditar e assuma o controle do seu futuro. O grande final da vida não é só conhecimento, mas ação, então haja agora e poupe para a próxima reencarnação".(4) Infelizmente sabemos que as outras atuais religiões já negociam os patrimônios celestiais, então, para nosso infortúnio nada mais previsível que tais comerciantes das coisas santas inventem também um sistema bancário de reencarnação!

As seitas e religiões modernas conseguem arregimentar e manter sob seu jugo pessoas desesperadas que estão em busca de um alívio qualquer para suas dores. Algumas dessas seitas mantêm pequena obra social; mas, por outro lado, há fortes evidências de que grande parte das doações recebidas em espécie destina-se para acúmulo de bens e poder dos seus dirigentes, que em sua maioria são pessoas ricas e poderosas. Óbvio que isso não é mera coincidência.

Os negociadores das coisas Divinas atualmente não se importam com a exploração da fé que deixou de ser algo transcendental, de bondade ou altruísmo, e passou a ser egoísta e rentável, desde que as falsas promessas de cura e paz espiritual encham os baús com o tesouro que traças e ferrugens consomem. Em nome das coisas santas, desde as eras medievais até nossos dias, o falso religioso vende lotes e mansões no “céu” à prestação; impõe depósitos no “Banco de Deus”; negocia a “salvação”; troca benção por dinheiro e aceita até cartão de débito/crédito nos templos cristãos. Por meio dos porcentuais cobrados, vendem indulgências em troca da “felicidade celestial” etc...

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Então, muitas vezes, pessoas simples são levadas pelo desespero pessoal, advindo de situações como desemprego, doenças, inquietações, a buscar uma solução na casa de oração. Se não doarem parte do minguado dinheiro, essas pessoas são ameaçadas a terem seus destinos de vida futura para o “inferno”. Essa prática é um legado das violentas e obscuras taxas institucionalizadas na Idade Média. Os “dez porcento” até hoje são compulsoriamente cobrados para supostamente “cobrir custos” de diversos gastos, inclusive para manter o salário dos chefes das igrejas. Entretanto, raramente são usados para a caridade e para promoção social entre os necessitados. Mas, por que essas crenças crescem tanto? Porque o desespero das pessoas é o alicerce das novas igrejas. A facilidade de se conquistar novos fiéis também se deve ao “marketing religioso”: uma espécie de marketing aliado à psicologia que ajuda no trabalho com grandes massas, tendo como objetivo conquistar novos “doadores”.

O Espiritismo não compactua com a especulação da fé. Aos espíritas, tradicionalmente, cabem por meio de espontânea doação mensal, sustentar a casa em que trabalham. As colaborações em espécie são regularmente destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Na instituição espírita todo valor arrecadado é exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como frequentadores tenham acesso às informações financeiras da instituição. Portanto, é inadmissível que projetos tão mirabolantes tais como “banco da reencarnação” possam ser aceitos por espíritas que têm na fé raciocinada o instrumento de crença que encara a razão face a face em qualquer situação da vida social.

Jorge Hessen

http://jorgehessen.net

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ADE-SERGIPE

Em: 10.08.2010