Embora os seres humanos modernos sejam os únicos sobreviventes da linhagem na humanidade, outros já habitaram a Terra, fazendo seu caminho para fora da África antes mesmo de nossa espécie o fazer – incluindo os neandertais no oeste da Ásia e o recém-descoberto hominídeo de Denisova na Ásia oriental.
A análise genética de fósseis dessas linhagens extintas revelou que eles já cruzaram com os humanos modernos, união que pode ter gerado mutações em nossa linhagem, e que teria nos protegido quando começamos a nossa expansão ao redor de todo mundo, aproximadamente 65 mil anos atrás.
Agora, pesquisadores que recentemente analisaram o genoma humano encontraram evidências de que nossa espécie hibridizou com uma linhagem de humanos até então desconhecida antes mesmo de deixar a África – cerca de 2% do DNA africano talvez seja proveniente dessa linhagem.
Em comparação, as estimativas recentes sugerem que o DNA do neandertal estaria presente em 1% a 4% dos genomas modernos (no caso da Europa e Ásia) e o hominídeo de Denisova teria 4% a 6% do DNA presente nos genomas da Melanésia.
Um novo estudo sequenciou cerca de 60 regiões do genoma humano que aparentemente não tem nenhuma função. Estes genes são menos sujeitos a mudanças do que o DNA funcional – que se altera como resultado das recentes pressões evolutivas. Esses genes podem dar uma visão mais clara sobre como a população pode ou não ter se misturado no passado.
Três populações que apresentam uma boa amostra da diversidade geográfica e cultural da África subsaariana foram focadas, e então foram procurados padrões incomuns de genes que poderiam ter surgido de cruzamentos com linhagens primitivas.
Isso incluiu a caça aos haplótipos longos, ou conjuntos de sequências de DNA que não são vistas em outros grupos de humanos modernos (que tendem a ter haplótipos mais curtos). Haplóplitos relativamente longos, encontrados juntos em um trio incomum, foram descobertos em vários sequenciamentos.
Ao comparar esse conjunto de genes com o dos comumente encontrados nos humanos modernos, os pesquisadores estimaram que eles podem ter vindo de uma linhagem de ancestrais humanos que viveram cerca de 700 mil anos atrás. Para se ter uma ideia mais clara, a linhagem neandertal divergiu da nossa 500 mil anos atrás, enquanto os primeiros sinais das características humanas modernas apareceram 200 mil anos atrás.
O comprimento dos haplótipos exóticos encontrados, provenientes dessa linhagem extinta, sugere que o cruzamento pode ter ocorrido até recentemente, como 35 mil anos atrás. Cientistas acreditam que a união sexual dessa espécie com a nossa pode inclusive ter acontecido com bastante frequência e regularidade.
O trio de haplótipos exóticos da linhagem extinta foi encontrado em grupos humanos modernos localizados não só na África subsaariana, mas também em uma população de pigmeus da África central. Como esse grupo é relativamente isolado de outras populações humanas modernas, incluindo outros pigmeus, os cientistas acreditam que esse ambiente pode ter sido a terra natal da extinta linhagem.
A equipe de pesquisadores pretende analisar outras sequências de genes de vários outros grupos humanos modernos africanos para obter mais informações sobre como os cruzamentos podem ter ocorrido.
Os pesquisadores também querem descobrir se o DNA de nossos parentes primitivos nos conferiu alguma vantagem evolutiva. O processo de cruzamento dos seres humanos modernos com outras linhagens pode ter acelerado o processo evolutivo, permitindo uma melhor adaptação às novas condições. Este pode ter sido um modo importante de aquisição de novas características que nos tornaram o que somos hoje.
Até agora, entretanto, nenhum vestígio dos incomuns haplótipos da nova linhagem descoberta foram observados fora da África. Mas enquanto não há mais pesquisas e procura, é difícil afirmar alguma coisa concretamente. [LiveScience]
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