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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Post Mortem: Concepção Teosófica

or Mahajah!ck


A morte é o mais intrigante mistério das fronteiras do desconhecido que desafiam a inteligência humana. Sobre a morte, duas opções, antagônicas, aprensentam-se ao raciocínio: 1ª) a morte é o fim, a consciência do "si mesmo", o self, deixa de existir quando o corpo perece; 2ª) a morte é uma transição, existe algo, outro lugar, o "além", outra vida que começa, ou a continuidade da existência que transcende o último suspiro.

A primeira opção, a morte como passagem para o "Nada", resolve-se por si mesma, sem nenhuma especulação; não dá lugar à discussão porque o "Nada" é indiscutilvente invariável: sua essência é "Não-ser". A segunda hipótese, ao contrário, permite questionamentos sobre o tipo de vida, a natureza dos outros mundos, a essência dessa vida póstuma. As religiões mais importantes do mundo divergem entre si sobre estes temas.

As doutrinas das crenças ocidentais e o Islamismo tendem a aprensentar o post mortem, em suas Escrituras Sagradas, com superficialidade ou pelas vias tortuosas das alegorias. No Oriente, o hinduísmo e o budismo indiano e tibetano são extremamente detalhistas nas exposição desse assunto e suas concepções são, no mínimo, fascinantes.

Os Budistas acreditam na reencarnação, na Lei do Carma, que orienta a série de renascimentos que cada ser humano experimenta. Crêem, portanto, não somente na vida após a morte, na sobrevivência do "Ego Superior", mas também na teoria de que a criatura humana vive muitas vezes, na Terra e em outros planetas, cumprindo um jornada de aprendizado rumo à elevação espiritual, ao longo de um período de tempo tão longo que pode ser perfeitamente entendido como "Eternidade".

Os Teósofos, estudiosos da "Religião da Verdade", adotaram a doutrina budista-tibetana sobre o fenômeno da morte dos humanos que habitam o planeta Terra. Suas idéias não se confundem com a concepção dos Espíritas Cardecistas embora ambas as correntes de pensamento tenham pontos em comum. Concordam, por exemplo, com a idéia da reencarnação e do tempo necessário para que um espírito desencarnado retorne para uma nova vivência em um novo corpo; ambas as escolas aceitam, também, que as reencarnações ocorrem em circunstâncias propícias ao resgate de erros que o espírito cometeu em outras encarnações, ou seja, mais uma vez, a regência da Lei do Carma.



As irmãs Fox: Margaretta e Kate/Cathie.
Elas causaram sensação nos anos de 1840,
quando os jornais comentavam sua capacidade
de comunicação com os espíritos em sessões
que realizavam em sua casa, Hydesville - NY.
As irmãs tornaram-se médiuns profissionais e
desempenharam papel fundamenal no movimento
espírita. Muitos consideraram-nas como fraudes.

Existem, todavia, pontos divergentes entre a Teosofia e o Espiritismo especialmente no que se refere aos chamados "fenômenos espíritas'", as mesas girantes ou mesas brancas, onde adeptos de Kardek realizam sessões de evocação dos mortos.

Os teósofos condenam estas práticas que consideram perigosas, ilusórias e, em muitos casos, fraudulentas. Afirmam que os espectros autênticos que, eventualmente, materializam-se ou manifestam-se naquelas sessões, são verdadeiros "fantasmas", duplos astrais da pessoa morta, mero cascão, parte do corpo físico que se foi. A regra geral é a incomunicabilidade entre encarnados e desencarnados.

Este corpo astral, que é um dos "corpos" do homem, sobrevive algum tempo depois da falência do ser orgânico. Pode vagar pela terra, fazer aparições em reuniões espíritas, causar espanto pela sua capacidade de comunicação telepática ou de "tomar" o corpo do medium, por mencionar fatos e nomes relacionados ao falecido, porque conserva restos de memória, porém, sua existência é efêmera.

A substância do corpo astral tende a se desagregar, em geral, rapidamente, do mesmo modo como o cadáver se decompõe e passado certo período, que pode variar entre dias e anos (em circunstâncias especiais), toda a sua matéria astral constituinte é dispersada na Natureza. Em sânscrito, idioma da Índia antiga, o corpo astral é denominado "Linga-Sharira".

Espírito

Considerando o ponto de vista teosófico a oposição vida-morte deve ser substituída pela concepção unitária vida-vida: "vida terrena" e "vida não terrena". A morte seria apenas o processo de transição de uma para outra situação. Não há interrupção ou fim da vida, antes uma mudança na condição de SER e ESTAR.

O homem "encarnado" é constituído por sete princípios ou "corpos" biológicos-físicos-químicos. Ao morrer, o espírito, que a teosofia distingue de "alma", abandona quatro destes "corpos", que são chamados "princípios inferiores". São feitos de matéria densa especialmente adequada para a a vida no planeta Terra. Estes pricípios inferiores são: 1) a corpo físico, animal (Rupa); 2) alma física, animal (Kama-Rupa); 3) princípio vital, o prana; 4) corpo astral (Linga Sharira). Os três princípios restantes, ditos "superiores" são manas (individualidade), buddhi (veículo, corpo de manas) e atman, a centelha divina, ligação identitária com o Ser Primordial, Deus. O conjunto desses três princípios, indiviso, é o Espírito ou Eu Superior.

A vida do Espírito é eterna em oposição à vida da "carne", que é perecível. É o Espírito, o ser verdadeiro feito de substância sutil, que sobrevive ao corpo de matéria densa: "O Ego que se reencarna é o Eu individual e imortal, não o pessoal..." [BLAVATSKY, 1983 - p 131]. Ocorre que "personalidade" é um sistema complexo de associações circunstanciais que constroem a sensação de auto-reconhecimento, intimamente associada à vida do corpo físico terreno no mundo físico terreno.


Para Onde Vamos: O Além

As Escrituras Sagradas Cristãs e Islâmicas possuem numerosas referências ao destino do Espírito depois da morte. Ambas assemelham-se em suas concepções: os bons, que obedeceram às Leis de Deus, vão para o Paraíso; o maus, praticantes de pecados graves, vão para o Inferno. No Catolicismo, existem ainda: uma região intermediária, o Purgatório, que abriga pecadores medianamente culpados; e o Limbo, lugar onde ficam os pagãos, os não batizados segundo os cânones da Igreja.

Cristãos e muçulmanos associam o Paraíso a uma "terra de Benventurança", de felicidade, e o Inferno, ao martírio do fogo onde os espíritos atormentados queimam e somente se ouvem "o gemido e ranger de dentes." Entre os gregos, as idéias sobre o post mortem mudaram, ao longo das épocas, acompanhando a mudança da mentalidade do povo e da organização social:

Nas primeiras representações dos Infernos [entre os gregos] não existe qualquer conotação de castigo ou recompensa, como na doutrina cristã. Homero (século IX a.C.) descreve o Hérebo [como era chamada a região dos mortos] como uma vasta planície subterrânea, onde os mortos vagueiam por toda a eternidade como sombras sem inteligência, sem dor nem alegria. Apenas aqueles que cometeram grandes delitos sofrem castigos e alguns privilegiados continuam a viver no mundo das sombras exercendo as mesmas atividades que realizavam sobre a Terra... Mas são exceções...

Com o passar do tempo, os gregos organizaram-se em cidades, criaram um sistema de justiça, ordem e disciplina, julgando os criminosos e recompensando os benfeitores. A partir dessa organização social, modifica-se o conceito dos Infernos, que passam a dividir-se em duas regiões distintas: ...o Tártaro, lugar de expiação, onde os maus pagam suas culpas; ...os Campos Elísios, ou Ilha dos Bem-Aventurados, também imaginada nas profundezas terrestres, onde os bons usufruem as recompensas de suas ações. (MITOLOGIA GREGA - P 99)

Os teósofos adotam concepção budista que somente admite duas hipóteses para o Espírito desencarnado que jamais é punido por qualquer de seus atos sobre a Terra. Castigo no post mortem é uma idéia considerada flagrantemente injusta e, portanto, incompatível com a natureza de Deus. O sofrimento pode acontecer mas somente como decorrência de um estado de consciência confuso, que pode dominar o Espírito por conta do processo de separação do corpo. É uma questão de tempo de adaptação entre uma condição existencial terrena e outra condição, de existência meta-terrena (além do tereno). Em A Chave da Teosofia, H.P. Blavatsky escreve:

Não admitimos nenhum castigo fora desta terra porque o único estado que o Eu Espiritual conhece na vida futura é o da felicidade sem sombras. ...Não podem os crimes e pecados cometidos em um plano de objetividade e em um mundo de pura matéria, receber nenhum castigo em um mundo de pura subjetividade. Não acreditamos em inferno ou paraíso como localidades; em nenhum fogo objetivo do inferno nem em alguma Jerusalém com ruas incrustradas de safiras e diamantes. Cremos em um estado post mortem ou condição mental parecida com aquela em que nos encontramos durante um lonho lúcido.

Acreditamos em uma lei imutável de amor, justiça e misericórdia absolutos; e crendo nisso dizemos: seja qual for o pecado... nenhum homem pode ser responsabilizado pelas conseqüências de seu nascimento. Ele não pede para nascer nem elege os pais que lhe darão vida. Sob qualquer aspecto, é vítima do que o rodeia; é filho das circunstâncias sobre as quais não tem ação nem poder... Em essência, a vida é um fogo cruel, um mar borrascoso que deve ser cruzado e, as vezes, um peso muito difícil de suportar.

...quase todas as vidas individuais... são um sofrimento. Haveríamos de acreditar que o homem desgraçado e desamparado, batido pelas enfurecidas ondas da vida, se não consegue resistir e se vê arrastado por elas, há de ser castigado com uma condenação eterna ou sequer uma pena passageira? Jamais. Grande ou vulgar pecador, bom ou mau, culpado ou inocente, uma vez livre do peso da vida, o Manu ("Ego Pensante"), exausto e consumido, adquiriu o direito a um período de bem-aventurança e repouso absolutos.

A mesma lei infalível, sábia e justa... que inflinge ao Ego, na carne, o castigo cármico a cada pecado cometido na vida anterior na Terra, prepara à entidade, agora desencarnada, um longo período de descanso mental, isto é, o completo esquecimento dos acontecimentos infelizes e até dos pensamentos dolorosos mais insignificantes pelos quais passou como personalidade em sua última vida...

Kama-Loka

Logo após a morte o Espírito da maioria dos mortais experimenta um estado de consciência nebuloso. São raros os que ingressam imediatamente em completa consciência do que está ocorrendo. Em geral, a sensação é de estar mergulhado "em sonhos caóticos ou um sono inteiramente sem sonhos, semelhante ao aniquilamento" (BLAVATSKY, 1983 - p 160).

Esta situação de confusão mental, corresponde a um estado de consciência que conduz o Espírito desencarnado à dimensão existencial de Kama-Loka, um lugar de purificação, onde são dissipadas as perturbações mentais póstumas e ainda, onde são dispersos os restos de matéria terrena ou, a alma animal, Kama-Rupa, que tende a permanecer ligada ao espírito, como se recusasse seu destino inevitável, que é a desintegração.

Quando o homem morre, seus três princípios inferiores o abandonam para sempre, isto é: o corpo [Rupa], a vida [Prana], o corpo astral ou duplo do homem [Linga-Sharira]. Então, seus outros quatro princípios: [1] princípio central ou médio (a alma animal ou Kama-Rupa), com tudo o que assimilou de manas inferior [personalidade], e a Tríade superior [2.Atma, 3.Buddhi, 4.Manas Superior], se encontram em Kama-Loka. Esta é uma localidade astral, ou Limbus da Teologia Escolástica o Hades dos antigos [gregos], enfim, uma localidade somente no sentido relativo.

Não tem área definida nem tão pouco limites, mas existe dentro do espaço subjetivo, isto é, fora do alcance de nossas percepções sensoriais. Sem dúvida existe e é ali que eilodons astrais [alma animal] de todos os seres que já viveram, inclusive os animais, esperam sua segunda morte. ...Para os animais, [esta segunda morte] vem com a desintegração e completa desaparição de suas partículas astrais. Para o eidolon humano, começa quando a Tríade Atma-Buddhi-Manas separa-se de seus princípios inferiores, ou seja, do reflexo da personalidade que foi ao entrar num estado devakhânico.
(BLAVATSKY, 1983 - p 143)

O processo de purificação demora mais ou menos conforme o Espírito se mantenha mais ou menos identificado e iludido com a realidade da vida na Terra, apegado às coisas, pessoas e emoções daquele período de existência em condições mundanas. Inconformados, tais Espíritos utilizam-se da Alma Animal (ou Instintiva) como último recurso de acesso ao "plano" terreno, pois somente esta Alma pode ainda se manifestar naquele plano, dirigido pelo desejo que domina a mente, que é o próprio Espírito.

Animado pela captação do prana, alimento da alma instintinva do homem-personalidade que morreu, o Alma Animal - Kama-Rupa, pode permanecer no planeta buscando a satisfação de vontades sensuais e sensoriais - alimentos, bebidas, drogas, sexo, desejos de vingança, mágoas não superadas, culpas etc.. Embora vagando na Terra, o "cascão" de Rupa, do corpo, está ligado (por energia psicotrônica ou mental) ao Espírito, que o fortalece enquanto estiver inconformado com sua mudança de estado ontológico.

FENÔMENO ESPÍRITA
O fantasma kama-rúpico [é um ser] privado de seu princípio pensante, [não tem sequer] inteligência animal e... sem cérebro físico para poder se manifestar, desaparece. ...É uma verdadeira não-entidade, com relação às faculdades que raciocinam e meditam; no entanto, é uma entidade, embora astral e fluídica ...Em alguns casos, atraída magnetica e inconscientemente por um médium, [vive] por algum tempo, sobrevive [através do médium] por procuração. ...O Kama-rupa vive na aura do médium uma espécie de vida fictícia; raciocina e fala pelo cérebro do médium ou do de outras pessoas presentes.

Kama-Rupa é uma "relíquia etérea da personalidade". Sujeita às atrações terrestres, precipita-se em Kama-Loka. Seu aniquilamento nunca é instântaneo e, às vezes, o processo pode durar séculos. A personalidade, que ali permanece com resíduos de outros egos pessoais, "converte-se em uma casca ou um elemental. estas cascas e os elementais são as protagonistas das "aparições e manifestações" nas sessões espíritas: "Todas essas comunicações com os mortos sãonecromancia e práticas perigosíssimas... [os chamados] "espíritos" não sabem o que dizem, repetindo como papagaios o que encontram no cérebro do médium e de outras pessoas..." (BLAVATSKY, 1983 - p 184)


Devakhan

Devakhan é o paraíso onde reina a felicidade e "não existe o menor sofrimento nem a sombra de penas" (BLAVATSKY, 1983 - p '45). Em Devakhan, o Espírito esquece todas as misérias da vida terrena. O Ser-Mente-Indivíduo, livre dos condicionamentos (orgânicos) do cérebro, é dotado de plena capacidade criadora; trata-se de um estado ontológico (de ser estar) no qual "falar é criar", ou ainda, mais precisamente, pensar, idealizar, é criar.

Essa é fonte da bem-aventurança em Devakhan: e pensamento é, de fato, criador, realizando imediatamente todas as aspirações que fazem da vivência devakhânica uma experiência plena de felicidade justificando plenamente o significado do termo "Devakhan" (mencionado acima): "Terra dos Deuses"; porque o Ego superior, que ingressa em Deva-khan, é aquele que recuperou sua condição de "Deva", a condição de "um Deus" ou um "Ser Angélico".

Em Devakhan, o Espírito Esclarecido resgata todo o sofrimento decorrente das frustrações e tormentos emocionais que amargou na vida passada. Entretanto, o "mundo devakhânico" é diferente para cada Ego; depende das idéias particuares da "personalidade" recentemente vivenciada. Em sua esmagadora maioria as "personalidades" são forjadas sob a influência de um ambiente, de um contexto cultural e especialmente, das idéias sobre o post mortem que cada pessoa adotou durante a vida na Terra.

[Para alguns], "a felicidade em estado devakhânico consiste na completa convicção de não haver abandonado nunca a Terra e de que a morte não existe." ...Conforme a crença que o homem teve em relação à sua vida futura e o que dela esperou, assim será o que o aguarda. Quem não esperou vida futura alguma, encontrará um vazio absoluto, semelhante ao aniquilamento no intervalo entre dois renascimentos. ...A morte é um sono.

Depois da morte começa a se desenrolar frente aos olhos espirituais... a representação de [um] programa aprendido e que, com muita freqüência, foi composto por nós mesmos... [É a realização]... das crenças [que abraçamos]. O metodista será metodista; o muçulmano será muçulmano pelo menos por algum tempo.

...Em se tratando de um materialista completo, é possível a perda da própria consciência e própria percepção depois da morte... [Para alguém assim - o materialista ou o cético], o intervalo entre duas vidas assemelhar-se-á a um sono tranquilo... inteiramente livre de sonhos ou cheio de imagens indefinidas; para o mortal comum, será um sonho tão vivo e animado quanto a própria vida, cheio de felicidade e visões reais. ...Devakhan é uma ilusão de nossa consciência, um sonho feliz.
(BLAVATSKY - 1983)

Kama-Loka e Devakhan, o "Além" dos teósofos (inspirados pelo budismo), são concepções que implicam admitir, também e antes de tudo, aidéia da reeencarnação, cujo dogma central é acrença de que o Espírito experimenta muitas vidas, em corpos, lugares, épocas e até planetas diferentes. A fé católico-cristã rejeita a reencarnação, a sucessão de vidas e prega a "ressurreição da carne" no dia do "juízo final". Não obstante, o Novo Testamento contém ao menos uma passagem, famosa e controversa, sobre o assunto, quando Jesus, falando de João Batista declara: "Em verdade vos digo: entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. ...E, se quereis compreender, é ele o Elias [profeta do Antigo Testamento] que devia voltar. Quem tem ouvidos ouça." (Mateus 11:2)

O hinduísmo e o budismo, este último desenvolvido tanto na Índia quanto no Tibet, são as religiões históricas mais antigas que professam a doutrina da reencarnação e vários dos conceitos associados à lógica reencarnacionista com Samsara, o ciclo de inúmeros renascimentos; e Karma, a Lei da Justa Retribuição, que determina as circunstâncias e possibilidades de cada Ego que se encarna.

O Espiritismo, embora também tenha adotado o dogma da reencarnação aprensenta uma visão dopost mortem muito diferente da concepção oriental especialmente no que se refere a dois pontos: 1º) a questão da comunicação entre mortos e vivos; 2º) o tempo passado em anos terrenos entre uma encarnação e outra.

Os teósofos não crêem que o verdadeiro Ego Superior ou Espírito se manifeste entre os viventes da Terra e consideram esse tipo de comunicação um exercício de crueldade psicológica, especialmente para os desencarnados que, deste modo, não se veriam livres das misérias da vida mundana nem depois da morte, posto que estariam espostos a ver e tudo saber sobre o que se passa entre aqueles que deixou para trás. Isso significa assistir impotente a sofrimentos, humilhações e até traições à própria memória do Espírito:

Crer que um espírito puro pode ser feliz enquanto se vê condenado a presenciar os pecados, os erros, a traição e, sobretudo, os sofrimentos daqueles de quem está separado pela morte e, por mais bem que os queira, sem poder prestar-lhes auxílio, seria um pensamento capaz de enlouquecer qualquer um. (BLAVATSKY, 1983 - p 149)

Quanto ao período de tempo que transcorre entre a morte e o renascimento, para o comum dos mortais, está situado entre dez a quinze séculos, ou seja, entre mil e mil e quinhentos anos. As estimativas dos Kardecistas são bem mais modestas mencionando "casos" de Espíritos que reencarnaram na mesma família, por exemplo, duas ou três gerações depois da morte.

Nirvana & Nirmanakayas

Kama-Loka e Devakhan é o destino póstumo das pessoas comuns. Existem, porém, espíritos elevados, que atingiram um estágio em que estão livres da "Roda das Encarnações" - Samsara. Estes, ao morrer, alcançam o Nirvana, o que significa que tais Espíritos superaram os desejos do mundo, venceram as ilusões da matéria, obtendo a completa libertação em relação aos mundos finitos.

Quando a entidade espiritual rompe para sempre com cada partícula de matéria ou forma e volta a ser um hálito espiritual, só então é que penetra no eterno e invariável Nirvana, vivendo tanto tempo quanto durou o ciclo de vidas - verdadeiramente uma eternidade. Aquele "hálito", existindo em espírito, não é nada porque é tudo; como forma, aparência ou figura foi aniquilado por completo; como espírito abosluto ainda É, porque se converteu em Egoidade. (p 119)

Os que chegaram ao Nirvana estão complemente desobrigados de viver na Terra ou em qualquer outro planeta de matéria densa. Podem desfrutar de uma condição ontológica realmente divina. Todavia, nem todos os que conquistaram o Nirvana entregam-se a este repouso merecido. São Espíritos que renunciam espontâneamente ao privilégio "por compaixão pela humanidade". Entre os cristão estes são os são chamados "Santos"; Entre os budistas são bodhisatvas - os "corpos de sabedoria" ou, ainda, são os Nirmanakayas, que consideram ato de egoísmo desfrutar da bem-venturança enquanto milhões de seres humanos sofrem consumidos por todo tipo de miséria. Estes, são aqueles que velam pelo bem daraça humana.

Bibliografia

BLAVATSKY, Helena Petrovna. Os vários estados post-mortem
__________________________________ Da reencarnação e do renascimento
__________________________________ Kama-Loka e Devakhan
IN A Chave da Teosofia [Trad. Ilka Arnaud] Biblioteca Planeta - São Paulo: Ed. Três, 1983.

MITOLOGIA GREGA volume I - O reino das sombras. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

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