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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

CONTROLE SEXUAL

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração
pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos males
que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse
feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. Do item 4, do
Cap. V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações
irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram
conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui de
homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes
próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas
consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do destino à luz da
imortalidade. O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e
só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do
sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações. O segundo já se
levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de nós
mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais, educando-os pelos mecanismos
da contenção. Falar de governo e administração, no campo sexual, aos que ainda se
desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão-somente
atribuíveis ao professor universitário, razão por que será justo deter-se alguém nesse ou
naquele estudo alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem
suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular. Estabelecida a ressalva,
perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os compromissos
de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros. Assim nos externamos para
considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de
proteger a tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira
da experiência "a dois", e, muito comumente, os "dois" se transfiguram em outros mais,
na pessoa dos filhos e demais descendentes. Urge, desse modo, evitar arrastamentos no
terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos ajustes propostos ou
aceitos não venha a romper a segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa
assistência e cuidado, com reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos
arraigamos através da afinidade. Não se trata, em nossas definições, do chamado
"vínculo indissolvível" criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos
companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para
a vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito
natural de se vincularem à outra ligação ou a outras ligações subseqüentes, procurando
companhia ao nível de sua confiança e respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da
lealdade que deve ser respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os
parceiros se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio
recíproco. Considerado o exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes
dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da
indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria segurança íntima
para se atirar à leviandade. Justo ponderar quanto a isso, porquanto, em muitas
ocorréncias dessa espécie, não é somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos
próprios compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o
companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos
votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no
campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.