SEMINÁRIO encaminhado por JOÃO CABRAL em 2004 por ocasião do centenário de nascimento de RIVAIL
TEMA - 07. KARDEC – DENIZARD RIVAIL
NASCIMENTO E PROGENITORES
HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL, mundialmente conhecido pelo pseudônimo de ALLAN KARDEC, nasceu na cidade de Lião (França), às 19 horas do dia 03 de outubro de 1804, ou seja, no dia 12 do vindemiário do ano XIII do calendário republicano, conforme assinala o seu registro civil o nome de (Denizard Hippolyte Léon Rivail).
Descendente de antiga família lionesa, católica, de nobres e dignas tradições, foram seus pais Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, juiz, e Jeanne Louise Duhamel, residentes à Rua Sala, n°.76. Lião.
Conforme o assinalam os registros de batismo da paróquia de Saint-Denis em Bresse. RIVAIL foi batizado pelo padre Barthe a 15 de junho de 1805 na igreja Saint-Denis de la Croix-Rousse, que na época não fazia parte de Lião, mas se achava sob a jurisdição da diocese lionesa.
O futuro Codificador do Espiritismo recebeu um nome querido e respeitado, que remonta ao século XV, e todo um passado de virtudes, de honra e de integridade. Grande número de seus antepassados tinha se distinguido na advocacia, na magistratura, e, até mesmo, no trato dos problemas educacionais.
Bem cedo, o menino se revelou altamente inteligente e perspicaz observador, sempre compenetrado de seus deveres e responsabilidades, denotando franca inclinação para as ciências e para os assuntos filosóficos.
PESTALOZZI
Conforme nos ensina Henri Sausse, RIVAIL realizou seus primeiros estudos em LIÃO, sua cidade natal, sendo educado dentro de severos princípios de honradez e retidão moral. É de se presumir que a influência paterna e materna tenham sido das mais benéficas na sua infância, constituindo-se em fonte de nobres sentimentos.
Com a idade de dez anos, seus pais o enviam a Yverdon, cidade suíça do cantão de Vaud, situada na extremidade S. O. do lago Neuchâtel e na foz do Thiele, a fim de completar e enriquecer sua bagagem escolar no célebre Instituto de Educação ali instalado, em 1805, pelo professor-filantropo JOHANN HEINRICH PESTALOZZI, educador suíço, inspirado em Rousseau e mestre de RIVAIL. Sua obra escrita conta mais de 40 volumes. Nascido em 1746 e desencarnado em 1827, cujo apostolado pedagógico já se revelara em Neuhof, Stans e Berthoud. Mas o Instituto mais célebre foi o de Yverdon (1805 a 1825), aonde acorriam alunos de vários países e professores de toda a Europa.
O Instituto de Yverdon que funcionava no castelo construído em 1135 pelo duque Zähringen, seria, durante quatro lustros, “a Belém da Natividade Escolar”. Antiga residência dos bailios berneses, tornada propriedade do cantão de Vaud, e havia sido vendida em 1804 à cidade de Yverdon, com a condição de que PESTALOZZI aí gozasse gratuitamente, durante a sua vida, de um local para o seu Instituto de educação.
Todos os anos o Instituto era freqüentado por grande número de estrangeiros: citado, descrito, imitado, era, numa palavra, a escola modelo da Europa. Em Yverdon, o notável educador suíço reuniu em torno de si e da obra, objeto de tantas esperanças, os mais conceituados professores vindos de várias partes, sendo que alguns deles tinham sido anteriormente seus alunos.
Línguas, raças, crenças, culturas e hábitos diferentes ali se misturavam, aprendendo as crianças e os jovens, na vivência escolar, a lição da fraternidade, da igualdade e da liberdade. De tal maneira esses ideais ficaram enraizados na alma de RIVAIL, que muitos anos mais tarde, relembrando-se, talvez, da grande família unida de Yverdon, ele afirmava constituírem, por si sós, “o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se os princípios que eles exprimem pudessem receber a integral aplicação”.
Nas cumeeiras de Yverdon – os discípulos a receberem a boa nova, a lição do Mestre, subordinada a esta máxima reguladora: saber e bondade sob a regência perpétua do bom-senso. Uma média de 150 alunos internos (a maioria) externos e metade dos quais estrangeiros, isto é, não suíços, aprendiam com PESTALOZZI que “O amor é o eterno fundamento da Educação”. Cedo, a reputação do Instituto se estendeu tão longe que atraiu para ali até mesmo jovens de vários paises, do Brasil e dos Estados Unidos da América.
Conta-nos Roque Jacintho, escritor espírita brasileiro, no seu Livro GABI E KARDEC, como se deu a chegada do jovem RIVAIL em Yverdon: Vejamos, agora, o encontro de RIVAIL com PESTALOZZI no Castelo Zähringen em Yverdon:
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RIVAIL, naquela tarde de outono, alcançou o Castelo, sentindo em seus 10 anos de idade, que adentraria a um mundo inteiramente novo.
Sentou-se, paciente, no saguão de entrada examinando e reexaminando, através de seu olhar, aquele consagrado Instituto Educacional.
Deteve-se, particularmente, na máxima de PESTALOZZI: “O amor é o eterno fundamento da educação”.
Um auxiliar da Instituição dele se aproximou.
- Você, meu jovem, é RIVAIL?
- Sim, sou eu – respondeu-lhe o jovem levantando-se.
- Siga-me então! – e o auxiliar, tomando-lhe as suas bagagens, levou ao aposento que lhe fora reservado naquela Instituição.
- Volto em seguida – disse-lhe o auxiliar – para levá-lo ao gabinete do Professor PESTALOZZI.
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RIVAIL estava agora, diante daquele mestre.
Vendo-lhe os cabelos brancos, em seus quase setenta anos de vida dedicada ao Bem e à Educação, sentiu-se imantado diante daqueles olhos vividos.
PESTALOZZI fitava-o ternamente.
- RIVAIL – indagou PESTALOZZI – Você vem da França, meu jovem?
- Sim, venho da França, buscar o berço da educação que vive no senhor! E. por estranho que seja o senhor me parece alguém muito familiar!
E, vendo seus olhos – ponderou PESTALOZZI – também me envolvem numa estranha sensação de já tê-lo visto em algum lugar, em alguma parte!(Somente a reencarnação explicaria este memorável encontro. Quem sabe, o reencontro com o seu avô, o filósofo romano, Domício Petronio Cornélius, reencarnado como PESTALOZZI, avô do Centurião romano Quirílius Cornélius) É uma hipótese de reencarnação em nossas pesquisas sobre a vida de KARDEC, pois aceitamos uma vivência de RIVAIL, como QUIRÍLIUS. Temos no nosso SITE, uma pesquisa com o título: KARDEC E QUIRÍLIUS CORNÉLIUS).
Uma longa pausa entre ambos.
- Que é que você busca RIVAIL?
- Eu busco, senhor, respostas justas e corretas para a solução de problemas do ensino e, também, busco o estudo das Ciências e, particularmente, da Filosofia.
- Com essa idade juvenil, RIVAIL, você busca soluções de problemas que transcendem a própria Humanidade?!
- Busco sim professor. E quero encontrar respostas equilibradas, já que pretendo colaborar na edificação de um mundo novo, mais amplo.
- Você, RIVAIL, revive todos os meus anseios!
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RIVAIL, de imediato, canalizou a energia e a admiração do notável e paciente professor e, aos poucos, o experiente pedagogo, abria-lhe a intimidade a esse seu mais jovem e vivaz aluno.
- Não se canse de amar, RIVAIL, recomendou-lhe PESTALOZZI – já que o amor, algum dia, será eternizado como o princípio de todos os princípios: a vida de todas as vidas!
E, após longa pausa, PESTALOZZI ponderou:
- Se o amor é a essência da vida RIVAIL, o amor ao próximo é a realização máxima, como seres em evolução ascendente, não esqueça jamais disso!
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Quando RIVAIL completava catorze anos, ele achou por bem abrir cursos especiais para os seus condiscípulos (colegas), menos aptos à educação, utilizando, para isso, os momentos a que tinha direito de descanso, naquela nobre Instituição educacional.
- Vejo – disse-lhe PESTALOZZI, sem falsa lisonja, ao vê-lo em atividade plena – que você absorveu o espírito da fraternidade e da misericórdia!
AMÉLIE GABRIELLE DE LACOMBE BOUDET RIVAIL
Nascia em 23 de novembro de 1795, em Thias (Sena). França. Filha de Julien Louis Boudet, proprietário e antigo Tabelião da cidade e da Senhora Julie. Louise Seigneat Lacombe, aos 2 de frimário do ano IV (23 de novembro de 1795) .Em 06 de fevereiro de 1832, firmava-se o contrato de casamento da Senhorita GABI com o Professor RIVAIL. Ela foi grande companheira durante a vida do Professor RIVAIL e depois da desencarnação de KARDEC consolidou o movimento Espírita na França e deu continuidade a divulgação da Doutrina no mundo.
RETORNO DE RIVAIL A FRANÇA
Vejamos, novamente, no Livro GABI E KARDEC, escrito por Roque Jacintho:
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RIVAIL bateu de leve na porta do gabinete de PESTALOZZI.
- Entre – ele ouviu num fio de voz trêmula de seu notável Mestre.
RIVAIL abriu a porta e adentrou, comovido.
Seu mestre fitou-o enternecido.
- Vem... Despedir-se, RIVAIL?
Ele fez que sim, num gesto mudo de cabeça.
- Vou deixar a Suíça, meu Mestre, já que sou chamado a Paris, onde devo estabelecer-me.
PESTALOZZI, emocionado, sentiu as lágrimas em seus olhos, e num inaudito esforço levantou-se, prontamente, amparado aos braços de RIVAIL.
- Idade, meu RIVAIL! Idade e muitas lutas!
Você vai interromper os seus estudos neste nosso educandário, RIVAIL! E sinto, também, que talvez não nos vejamos mais nesta vida, porque os anos e as dificuldades nos separarão.
- Jamais estaremos desunidos, Mestre, porque levo no interior de minha alma toda a gratidão que lhe devo por suportar-me e instruir-me.
- Prefiro RIVAIL, você que foi meu braço direito, que você diga “educar-me”, porque a educação é a essência da vida.
Um instante de saudoso silêncio.
- Você, RIVAIL, não vai abandonar os estudos e nem buscar uma vida fútil de alguém que se deixa arrastar atrás de uma fortuna fácil?
- Por certo que não, meu Mestre!
- Isso me conforta, RIVAIL!
Seguiu-se, então, um outro e comovente silêncio que falava mais do que as palavras poderiam dizer, quando RIVAIL e seu mestre PESTALOZZI, se abraçaram na despedida final!
- Quero notícias suas RIVAIL!
E eu quero Mestre, que você me abençoe, já que sou um jovem idealista do que ambicioso e tudo o que mais espero serão os desafios da educação dos mais carentes e dos mais necessitados do verdadeiro sentimento de caridade e de amor.
PESTALOZZI, então, com grande esforço, com a sua trêmula mão abriu uma pequena gaveta, em sua escrivaninha, informando:
- Entrego-lhe este mimo, para refletir em sua viagem.
Abraçaram-se em lágrimas, um sentindo o coração do outro.
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RIVAIL deixou a Suíça e, revendo já ao longe o Castelo de Zahringen, sentia no profundo de seu coração que não reveria, nesta sua existência, aquele que lhe fora o grande introdutor no campo educacional.
RIVAIL tomava o rumo de Paris.
Algumas horas depois, RIVAIL, abriu o mimo que lhe fora entregue por PESTALOZZI e, sob uma cortina de tênues lágrimas, leu:
- “RIVAIL, lembre-se de que é na família e, acima de tudo, nos corações maternais, que se coloca o centro da educação infantil”.
- “As mães serão, sempre, as primeiras mestras de seus filhos e são elas, também, as que se encarregarão de instruí-los e de educá-los e, como a primeira educação é a mais importante, procure confiá-la às próprias mulheres, já que a mulher fala com Deus e Deus escuta as suas mais dedicadas colaboradoras”.
RIVAIL fechou o mimo que lhe dera PESTALOZZI e jamais se esqueceu daquele notável tarefeiro do amor maternal.
MISSÃO PEDAGÓGICA DO PROFESSOR RIVAIL
O Escritor e Professor Ney Lobo, escreveu um longo artigo no Jornal o Mundo Espírita, editado pela Federação Espírita do Estado do Paraná-Brasil, de maio de 1998, na página 7, de muita importância no resgate da memória do Pedagogo: HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL, que ora transcrevemos:
“O movimento espírita no Brasil, desenvolveu-se e estendeu-se por amplas latitudes geográficas, culturais e por todas as camadas sociais, e teve por epicentro, personalizado de irradiação a figura e imagem do Codificador ALLAN KARDEC.
Agigantaram-se tanto, a imagem e a obra de KARDEC, que lançaram para o segundo plano a sua personalidade anterior como o Prof. HIPPOLYTE LÉON DENIZARD RIVAIL. No entanto, este notabilizou-se como pedagogo e educador na França, na primeira metade do século XIX. RIVAIL discípulo de PESTALOZZI, fundou escolas e as dirigiu; escreveu 22 obras pedagógicas para uso das escolas; encaminhou ao governo da França 3 propostas consistentes para a melhora do ensino.
Deslembrado ficou para alguns que sem RIVAIL, não surgiria KARDEC, como nós o conhecemos, pelos seus conhecimentos científicos, filosóficos e pedagógicos, pela sua didática e pelo seu infalível bom senso. Todos esses valores aproveitados e projetados por RIVAIL, na posterior elaboração da Codificação Espírita por KARDEC. É fácil de imaginar como seria o formato da Codificação se a personalidade de RIVAIL fosse abafada e não tivesse precedido e preparado a personalidade de KARDEC na mesma pessoa, ou seja, a hipótese de duas personalidades consubstanciadas na admirável e inexcedível empreitada posterior: a Doutrina Espírita.
Eis que desponta no cenário editorial espírita o livro que iniciará o resgate da memória e da missão pedagógica do Prof. RIVAIL! Intitula-se “Textos Pedagógicos de Hippolyte Leon Denizard Rivail”. A obra contém dois trabalhos: “Plano Proposto Para a Melhoria da Educação Pública”, enviado ao Parlamento da França, em 1828, e o “Discurso Pronunciado na Distribuição de Prêmios”, em 1834, na escola fundada e dirigida por ele. Ambas as peças traduzidas pela professora e pedagoga de São Paulo, DORA INCONTRI, a qual ainda enriqueceu os textos com oportunas, necessárias e doutas apostilas (Editora Comenius, Rua Estado de Israel, 192 Vila Mariana/SP).
Aguardamos o lançamento de outros textos psicológicos de RIVAIL, como o de 1831Memórias Sobre a Instrução Pública”, endereçada à comissão de Revisão da Legislação Sobre a Instrução Pública (nomeada pelo Ministro GUIZOT), e a de 1847 “Projeto de Reforma concernente aos Exames e aos Educandários Para as Moças”, entregue ao ministro da Educação Pública, ACHILLE SALVANDY, que elaborava projetos de leis de ensino.
A obra inicial, que ora vem a lume, foi montada em pesquisas na Biblioteca Nacional em Paris, e, como informa a tradutora: “Na sala especial, onde se encontram as obras raras, debruçamo-nos emocionadas (DORA e sua mãe) sobre aqueles livros amarelecidos”. Era mais do que a satisfação do pesquisador. Era o reencontrar da alma desde apóstolo (RIVAIL/KARDEC), às vezes tão menosprezado pela cultura pernóstica do nosso tempo e até por alguns que se dizem seus discípulos.
Nessa obra, o que mais forte impressão nos causou foram os seguintes pontos:
1o. - A grandeza do Prof. RIVAIL, exumada do fundo das pedras tumulares que alguns setores pouco esclarecidos despejaram sobre aquele mestre. Relegado quase ao esquecimento, a pretexto de que sua grandiosa missão posterior de organizar a Doutrina Espírita teria ofuscado a primeira parte de sua vida, tornando desnecessário o seu estudo profundo e sistemático. A obra em foco vem desautorizar essa ingenuidade, mostrando implicitamente nos textos traduzidos a contribuição das raízes culturais terrestres da Codificação Espírita daquela época, combinada que foi com contribuição maior e mais decisiva do Plano Espiritual.
2o. - EDUCAÇÃO E INSTRUÇÃO – o primado da primeira sobre a segunda, e que é o fundamento do alto teor educativo de toda a Doutrina Espírita. E KARDEC soube herdar de si mesmo, de RIVAIL, esse influxo pedagógico que avassalou todos os livros da Codificação, pela orientação decisiva dos Espíritos superiores e reveladores. E RIVAIL assim estabeleceu esse primado, quando fixou na obra agora traduzida e lançada no Brasil: “Há uma grande diferença entre o professor e um educador; o primeiro se limita a ensinar (...), mas o segundo é encarregado do desenvolvimento inteiro do homem (...) a educação não se limita apenas à instrução” (pág. 30/31).
3o. - EDUCAÇÃO E OS HÁBITOS DO BEM. Sentenciou RIVAIL, em 1828: “A educação é o resultado do conjunto de hábitos adquiridos”(pág. 42), pensamento esse que ecoou na Codificação em LE(Q.685a. p2), 30 anos depois. Hábitos esses que se formam como está indicado na pág. 17: “A mesma impressão, mantida durante um certo tempo e freqüentemente repetida, fá-la (a criança) contrair um hábito (...) que passa a ser uma segunda natureza”.
Culmina nessa área, reconhecendo a possibilidade de formação de hábitos morais, e não apenas dos da natureza motora (habilidades, ofícios, etc.), afirmando “Os hábitos morais são aqueles que nos levam, malgrado nosso, a fazer qualquer coisa de bom ou de mal” (pág. 18) (...) “Há hábitos de três naturezas diferentes: são eles físicos, intelectuais e morais” (pág.17). Tais disposições ecoaram em vários textos da Codificação.
4o. - AS IDÉIAS INATAS. Estas (em 1828), como a primeira base do princípio das vidas sucessivas, que viria a receber mais tarde dos Espíritos que presidiram à Codificação, em 1857, a sua configuração total e final.
5o. - A REENCARNAÇÃO. Vislumbrou o Prof. RIVAIL, ainda que obscuramente, esse princípio fundamental da Doutrina Espírita. Manifestando, no texto agora traduzido, a sua perplexidade ante as virtudes e vícios que as crianças “parecem trazer de nascença”. Não sendo reencarnacionista àquela época (30 anos antes da Doutrina), tentou atribuir à natureza àquelas manifestações tão precoces em forma ainda interrogativa: “Não é evidente que a natureza tem freqüentemente a maior parte nesses casos?” (pág.22).
Noutra passagem, remonta para a primeira infância, às fontes primeiras da moralidade, pelas ações dos pais e chamadas de impressões “que a criança recebe desde o seu nascimento, talvez mesmo antes, e que podem agir com mais ou menos energia sobre o seu espírito, para o bem ou para o mal”. (pág.16).
Enfim, natureza e impressão (na infância, e mesmo antes do nascimento) são as balizas de regressão mais próximas das vidas anteriores, que RIVAIL, conseguiu atingir. Marcos esses que, depois, seriam arrastados para as existências anteriores. E esse regresso se deu pela força de arrastamento das futuras e invencíveis convicções do mesmo RIVAIL, agora sob a personalidade de KARDEC, provocadas pelos invencíveis argumentos dos Espíritos Superiores.
6o. - A EDUCAÇÃO COMO O AFLORAMENTO DO POTENCIAL ESPIRITUAL – Quando RIVAIL, firma essa idéia, cerca de 30 anos antes da Codificação, lançou uma cabeça de ponte no âmago da Doutrina, conforme EE-XIX-12. LE Q. 776 p2. EE-XI, 9, p2 e OP - Morte Espiritual, pg.16. Naquela recuada época, deixou registrado: “A Educação é a arte de formar os homens, isto é, arte de fazer eclodir neles os germes da virtude e abafar os do vício” (pág.15).
7o. - DISCIPLINA EDUCATIVA. RIVAIL nos mesmos textos originais agora traduzidos desaconselha os castigos. Esse posicionamento recebe um tratamento mais amplo na Codificação (“Céu e Inferno” -VII, Código, 17o), na qual as punições são substituídas pela correção através da reparação, pelo próprio infrator das faltas e agravos cometidos, que é, assim, já para KARDEC. “A verdadeira lei de reabilitação moral dos Espíritos” princípio esse “mais poderoso que o inferno e respectivas penas eternas”. De certo modo, ainda que indiretamente, aprofunda as recompensas na interioridade espiritual e moral. “Esperai a recompensa para nossos cuidados mais constantes tão somente na satisfação interior de ser útil” (pág.32).
8o. - CONCLUSÃO: o conteúdo pedagógico e força docente da Doutrina Espírita é obra dos Espíritos que a transmitiram a KARDEC. Mas não é justo ignorar o quanto existe em KARDEC, e por extensão na Doutrina, oriundo de sua personalidade anterior como estudioso pedagogo e educador Prof. RIVAIL.
E essa é a essência da obra do Prof. RIVAIL, que se recomenda por si mesma ao interesse e esclarecimento de todos os espíritas, e que são os seus “Textos Pedagógicos”, ora publicados.
Por isso tudo RIVAIL proclamou no “Discurso” em 1834: “A educação é a obra da minha vida, e todos os meus instantes são empregados em meditar sobre esta matéria; feliz quando encontro algum meio novo ou quando descubro novas verdades” (pág.78).
Esse “meio novo” de educar e essas “novas verdades”, 23 anos depois, ele encontrou na Doutrina Espírita revelada pelo Alto, e que se constitui no mais eficaz sistema de educação até hoje conhecido.
No próximo, continuaremos, ainda, com este assunto.
BIBLIOGRAFIA:
ABREU, CANUTO - O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Edição LFU, 6a. Edição, São Paulo-Brasil, 1996.
CLARET, MARTIN - Allan Kardec, O Grande Codificador, Editor Martin Claret, São Paulo - Brasil, 1995.
INCONTRI, DORA - Textos Pedagógicos, Editora Comenius, 2a.Edição, São Paulo-Brasil, 1996.
JACINTHO, ROQUE - Gabi e Kardec, Editora Luz no Lar, 1a.Edição, São Paulo-Brasil, 1996.
MUNDO ESPÍRITA, Jornal - Resgate da Memória de Rivail, Edição Federação Espírita do Paraná-Brasil, maio, 1998.
WANTUIL, ZÊUS/FRANCISCO THIESEN – Allan Kardec, FEB, 2a. Edição, 1° volume, Rio de Janeiro-Brasil, 1973.
Pesquisas de:
João Batista Cabral
Presidente da ADE-SE
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E-mail: jomcabral@brabec.com.br
Aracaju-Sergipe-Brasil
Em: 02. 04.2004-reenviado em 02.04.2011.