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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Milagre que se repete há 674 anos

Nossa Senhora das Flores de Bra

Devoção mais conhecida na Itália como Madonna dei Fiori tem sua origem num fato inexplicável, mas comprovado, que se repete há 674 anos: os arbustos que florescem em pleno inverno.

Valdis Grinsteins

Para tristeza dos que não crêem e alegria dos que têm fé, aparecem cada vez mais fenômenos religiosos que a ciência só pode definir como inexplicáveis.
O papel do cientista não é declarar que algum acontecimento é ou não milagre. Isso corresponde às autoridades religiosas. O papel dele é analisar com rigor científico os dados apurados e verificar se há ou não uma explicação do ponto de vista das leis admitidas pela ciência que ele estuda. Um médico especialista em câncer, por exemplo, não pode decidir se houve milagre em determinado caso de cura. Ele apenas analisa se uma cura que ocorreu é possível ou provável de acordo com a prática médica. Após isto ele emite o veredicto: tal fato é explicável; ou é inexplicável.
Vejamos o exemplo de um fato inexplicável de acordo com o veredicto dos cientistas. Um fato que se repete há mais de 600 anos, e vem sendo analisado de forma científica há quase 300 anos.

Um florescimento impossível

Como se sabe, no inverno não desabrocham flores, e o motivo é simples: a temperatura não permite que elas floresçam. Quando neva, as dificuldades para o surgimento das flores aumentam ainda mais. Isso é até uma banalidade para qualquer pessoa que viva em regiões com as quatro estações bem definidas.
Na Itália há um arbusto da família das rosas (o nome científico é Prunus spinosa L.), que alcança três metros de altura e é muito usado para erguer cercas vivas ao redor de jardins. Floresce de março a abril, ou seja, na primavera. Mas num local da cidade de Bra, naquele país, as flores aparecem em dezembro, portanto no inverno, e duram ao redor de 20 dias, mas tem acontecido de durarem muito mais. Isto ocorre independentemente de haver ou não sol, ou se existe pouca, muita ou nenhuma neve. Mais chamativo ainda é o fato de plantas do mesmo tipo, cultivadas na vizinhança, não se comportarem assim; e quando uma muda desta planta é levada para outro lugar, ela segue comportando-se de forma excepcional.
Estudos científicos sobre o florescimento impossível de Bra têm sido feitos desde 1700 pelo Jardim Botânico da Universidade de Turim. Em 1882, Giuseppe Lanvini declarava que “o fenômeno transcende as leis físicas e biológicas”, confirmando o parecer emitido em 1817 por Lorenzo Roberto, químico e agrônomo de Alba. Em 1974, Franco Montacchini, que depois tornou-se diretor do Jardim Botânico, diagnosticou a perda do normal termoperíodo por parte da planta, e acrescentou: “Necessitaríamos determinar o motivo disto”. Um dos mais famosos botânicos italianos, Augusto Béguinot, depois de rigorosas comparações das análises químicas realizadas em plantas comuns desse gênero (Prunus) e nesta planta Prunus extraordinária (as análises confirmaram que elas são idênticas), excluiu que o florescimento em dezembro seja devido a “alguma qualidade específica que se possa constatar quimicamente”. Com humildade ele conclui: “Como cientista, não conheço e não uso a palavra milagre, mas justamente como cientista devo dizer que as leis naturais que dirigem a vida dos Prunus spinosa não são suficientes para explicar este fenômeno extraordinário de um duplo florescimento”.*

O milagre...


A esta altura, provavelmente, o leitor estará se perguntando: O que tem a ver esse fenômeno botânico com a Religião? Por acaso é um milagre ecológico?

, nada disso. Acontece que justamente onde se encontra essa planta deu-se uma manifestação de Nossa Senhora, no dia 29 de dezembro de 1336. Nessa época, numerosos soldados eram contratados como mercenários, e muitos deles não se destacavam pela disciplina nem pela virtude. E aconteceu que uma senhora, Egidia Mathis, que estava grávida, voltava para casa quando foi atacada por dois soldados. Percebendo as más intenções deles, Egidia pediu auxílio a Nossa Senhora diante de uma imagem muito rústica, pintada e colocada ali perto num pequeno nicho. Em redor dela havia uma planta de Prunus spinosa. Nesse momento apareceu a Virgem, e bastou sua presença e sua luminosidade para pôr em fuga os criminosos. Egidia, certamente impressionada pelo perigo iminente, deu à luz nesse momento e no mesmo local, no meio do frio. Pegando seu filho recém-nascido, foi para casa e comunicou o que havia acontecido. As pessoas que foram ao local do fato se espantaram com o que viram: a planta estava toda florida, ao contrário das outras da vizinhança.
Como é fácil imaginar, a notícia chamou muito a atenção. Numerosas pessoas certificaram o fato, e desenvolveu-se no lugar uma especial devoção a Nossa Senhora, particularmente à medida que se repetia todos os anos o fenômeno do florescimento no meio do inverno. Em 1626 foi concluída uma igreja no local, à qual se acrescentou outra em 1933. Um dos grandes devotos dessa aparição foi São José Bento Cottolengo.

inexplicável, mas comprovado
Santuário da Madonna dei Fiori, em Bra

Seria facílimo para os incrédulos, ou para os inimigos de nossa Religião, constatar e demonstrar alguma falsidade no caso, se ela existisse. Tendo a ciência e a técnica chegado a grande desenvolvimento, ficariam eles encantados em mostrar ao mundo um caso de tapeação, acobertado sob a aparência dum milagre. Poderiam, por exemplo, procurar algum documento histórico que demonstrasse a existência desse fenômeno antes de 1336. Não faltariam tais documentos num país como a Itália, que conserva a tradição de guardá-los cuidadosamente desde o Império Romano. Também poderiam realizar outros tipos de testes científicos, buscando uma explicação natural. Acontece que esses testes foram realizados. Alguns analisaram o terreno, para verificar se por algum motivo a terra onde se encontra a planta é diferente do solo dos arredores. Nada encontraram. Outros realizaram provas eletromagnéticas, pensando que talvez alguma corrente subterrânea pudesse provocar fenômeno tão estranho. Igualmente ficaram desapontados. Apenas puderam constatar, como cabe aos cientistas, que o fenômeno é inexplicável.
Algum leitor poderá ficar surpreso com este relato. Habituado talvez com imagens mirabolantes que vê a toda hora na TV ou no cinema, produzidas por efeitos especiais, deve estranhar que nada tenha ouvido a respeito desse milagre. Mas tal surpresa seria realmente surpreendente, quando se conhece o cuidado todo especial que a mídia toma para evitar a divulgação de quaisquer fatos ou fenômenos que estimulem a verdadeira fé dos cristãos. A tal ponto que as pessoas honestamente desejosas de conhecê-los têm de recorrer a outras fontes e meios, como fazemos nós. Em concreto, o relato desse milagre chegou-me através de um amigo leitor de Catolicismo, ao qual muito agradeço. Depois de pesquisar sobre o assunto, decidi compartilhá-lo com os demais leitores.
Para quem tem fé, o milagre é uma manifestação a mais do poder e da bondade de Deus. E para quem não a tem, o milagre gera um sério problema de consciência, pois lança dúvida sobre os fundamentos nos quais se apóiam suas falsas certezas. Por isso mesmo, muitos preferem não o olhar de frente. Também por isso mesmo, devemos rezar a Nossa Senhora para que eles tenham ao menos a honestidade de reconhecer que o fato é inexplicável, como fazem os cientistas quando não há explicação natural para o fenômeno. Resta a explicação sobrenatural, que sempre existe!