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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

MATÉRIA

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Matéria e Energia

        Em princípios do século XX (1905), Einstein deu a conhecer sua teoria especial da relatividade. Nela, o grande cientista estabeleceu que "matéria e energia são apenas duas manifestações diferentes da mesma realidade física fundamental e que podem converter-se, uma em outra, segundo a equação: E = m.c2 ".

Prof. Luiz Ferraz Netto

http://www.profcupido.hpg.ig.com.br/fissao_e_fusao.htm

E=mc2 (energia - "E" - é igual à massa - "m" - multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz no vácuo - "c2")

        ... De acordo com Einstein, energia e massa são basicamente a mesma coisa. Quanto mais energia você proporciona ao corpo mais "massivo" ele fica e mais difícil se torna acelerá-lo. Da mesma forma, a massa de um corpo em repouso (multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado) passa a ser o mínimo de energia que um corpo pode ter, i.e., a energia de um corpo em repouso...

http://www.ufpa.br/beiradorio/arquivo/beira25/entrevista.html

(Ver: Teoria das cordas)

A Transformação Massa-Energia

       ...Não é difícil demonstrar matematicamente que essa energia, convertida em energia cinética do movimento de giro do elétron, adapta-se exatamente à quantidade "transformada" em massa pela teoria da relatividade especial. Em contextos nitidamente diversos, porém a comportarem uma matemática afim, percebe-se esta compatibilidade físico-matemática. Isto está demonstrado

  • tanto no trabalho de Natarajan, sobre a "estrutura de partículas quânticas",

  • quanto no de Gaasenbeek, a supor uma trajetória helicoidal e/ou uma natureza ondulatória helicoidal para os elétrons.

        Sem dúvida, percebe-se um empenho muito grande dos físicos teorizadores em "driblar" as dificuldades teórico-experimentais e inerentes ou decorrentes da aceitação da teoria eletromagnética de Maxwell-Lorentz, a supostamente impossibilitar a decifração da natureza íntima da matéria.

http://www.ecientificocultural.com/Relat/luz05.htm#5

        Neste fim de século, em pouco menos de cem anos de vida, surgiu a física nuclear, a mecânica quântica e, agora, a física transcendental que ainda não mereceu nome específico, a cuidar da existência de agentes estruturadores sem os quais a energia não seria condensada em partículas, agentes esses que não podem pertencer ao mesmo domínio cósmico a fim de que tenham a propriedade de atuar sobre ele.

http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/ciencia/o-dualismo-existencial.html

       Ainda agora, os cientistas, investigando a natureza da radioatividade em todos os corpos da matéria viva, perguntam ansiosos qual a fonte permanente e inesgotável onde os corpos absorvem, incessante e automaticamente, os elementos necessários a essa perene e inextinguível irradiação. No que se refere às ondas electrônicas ou aos elementos radioativos da matéria em si mesma, essa fonte reside, sem dúvida, na energia solar, que vitaliza todo o organismo planetário. O orbe terrestre é um grande magneto, governado pelas forças positivas do Sol.

        Toda matéria tangível representa uma condensação de energia dessas forças sobre o planeta e essa condensação se verifica debaixo da influência organizadora doprincípio_espiritual, preexistindo a todas as combinações químicas e moleculares. É a alma das coisas e dos seres o elemento que influi no problema das formas, segundo a posição evolutiva de cada unidade individual.

 - Emmanuel - 1938

(Ver: Fluido espiritual e Teoria das cordas)

A matéria não organiza, é organizada. E não representa senão uma modalidade da energia esparsa no Universo. Os seus elementos não fazem outra coisa senão submeter-se às injunções do Espírito; e é a soberana influência deste último que elucida todos os problemas intrincados dos seres e dos destinos. É ao seu apelo, cedendo aos seus desejos, que todas as matérias brutas se vêm rarefazendo, oferecendo aspectos novos e delicados. A Civilização, as conquistas científicas e as concepções religiosas representam o fruto dos labores dos Espíritos que, na Terra, se iniciaram nos trabalhos que regeneram e aperfeiçoam. O que lhes compete, na atualidade, é o não estacionamento nos domínios conquistados, laborando para que os ideais de justiça, de verdade e de paz se concretizem na face do orbe. É nessa tarefa bendita que devem concentrar os seus esforços para que o planeta terrestre não veja sucumbir, na aluvião de insânias das guerras, o seu patrimônio de progressos, obtidos à custa de trabalhos penosos e ingentes sacrifícios.

 - Emmanuel - 1938

O primeiro instante da matéria está, para os Espíritos da minha esfera, tão obscuro quanto o primeiro momento da energia espiritual nos círculos da vida universal.

Compreendemos, contudo, que, sendo Deus o Verbo da Criação, o “nada” nunca existiu para o nosso conceito de observação, porquanto o_Verbo, para nós outros, é a luz de toda a Eternidade.

 - Emmanuel - 1940

A matéria, congregando milhões de vidas embrionárias, é também a condensação da energia, atendendo aos imperativos do “eu” que lhe preside à destinação.

- André Luiz - 1949

        A Ciência do século XX, estudando a constituição da matéria, caminha de surpresa em surpresa, renovando aspectos de sua conceituação milenar.

        Não obstante a teoria de Leucipo, o mentor de Demócrito, o qual, quase cinco séculos antes do Cristo, considerava as coisas formadas de partículas infinitesimais, em constante movimentação, a cultura clássica prosseguia detida nos quatro princípio de Aristóteles,

  • a água,

  • a terra,

  • o ar

  • e o fogo,

        ou nos três elementos hipostáticos dos antigos alquimistas,

  • o enxofre,

  • o sal

  • e o mercúrio, para explicar as múltiplas combinação no campo da forma.

        No século XIX, Dalton concebe cientificamente a teoria corpuscular da matéria, e um maravilhoso período de investigação se inicia, através de inteligências respeitabilíssimas, renovando idéias e concepções em volta da chamada “partículas indivisível”.

        Extraordinárias descobertas descortinam novos e grandiosos horizontes aos conhecimentos humanos.

  • Crookes surpreende o estado radiante da matéria e estuda os raios catódicos.

  • Röntgen observa que radiações invisíveis atravessam o tubo de Crookes envolvido por uma caixa de papelão preto, e conclui pela existência dos raios X.

  • Henri becquerel, seduzido pelo assunto, experimenta o urânio, à procura de radiações do mesmo teor, encontra motivos para novas indagações.

  • O casal Curie, intrigado com o enigma, analisa toneladas de pechblenda e detém o rádio.

  • Velhas afirmações científicas tremem nas bases.

  • Rutherford, à frente de larga turma de pioneiros, inicia preciosos estudos, em torno da radioatividade.

  • O átomo sofre irresistível perseguição na fortaleza a que se acolhe e confia ao homem a solução de numerosos segredos.

  • E, desde o último quartel do século passado, a Terra se converteu num reino de ondas e raios, correntes e vibrações.

  • A eletricidade e o magnetismo, o movimento e a atração palpitam em tudo. (Ver: Eletromagnetismo)

  • O estudo dos raios cósmico evidencia as fantásticas energias espalhadas no Universo, provendo os físicos de poderosíssimo instrumento para investigação dos fenômenos atômicos e subatômicos.

  • Bohrs, Planck, Einstein erigem novas e grandiosas concepções.

        O veículo carnal agora não é mais que um turbilhão eletrônico, regido pela consciência. (Ver: Homeostase)
        Cada corpo tangível é um feixe de energia concentrada
. A matéria é transformada em energia, e esta desaparece para dar lugar a matéria.
        Químicos e físicos, geômetras e matemáticos, erguidos à condição de investigadores da verdade, são hoje, sem o desejarem, sacerdotes do Espírito, porque, como conseqüência de seus porfiados estudos, o materialismo e o ateísmo serão compelidos a desaparecer, por falta de matéria, a base que lhes assegurava as especulações negativistas.

        Os laboratórios são templos em que a inteligência é concitada ao serviço de Deus, e, ainda mesmo quando a celebração se perverte, transitoriamente subornada pela hegemonia política, geradora de guerras, o progresso da Ciência, como conquista divina, permanece na exaltação do bem, rumo a glorioso porvir.

O futuro pertence ao Espírito!

[28a - página 9] - Emmanuel - Pedro Leopoldo-MG, 2/10/1954

Cabe-nos assinalar que, na essência, toda a matéria é energia tornada visível.

- André Luiz  (Uberaba,15 de Janeiro de 1958)

Matéria quanto mais estudada mais se revela qual feixe de forças em temporária associação.

- André Luiz - 1959

        Qualquer aprendiz de ciência elementar, no_Planeta, não desconhece que a chamada matéria densa não é senão a energia radiante condensada. Em última análise, chegaremos a saber que a matéria é luz coagulada, substância divina, que nos sugere a onipresença de Deus.

- André Luiz - 1968

( Ver: Ectoplasma e Teoria das cordas)

Posteriormente, em 1975, enunciado por Bob Toben e Fred Allan Wolf: a matéria não é nada mais do que luz capturada gravitacionalmente.

dos livros:

  • 'Nossa Vida no Além' - Marlene Nobre - página11 (introdução)
  • '"Espaço, Tempo e Além", 1988 - Bob Toben e Fred Allan Wolf - pp 47 e 149

       Nós sabemos que a matéria e feira de átomos e os átomos são feitos de partículas menores e essas são:

  • Léptons: Elétron, Elétron-Neutrino, Múon, Múon-Neutrino, Tau e Tau-Neutrino.

  • Quarks: Up, Down, Charm, Strange, Top e Bottom.

  • Bósons: Fóton, Glúon, Bósons Vetoriais Intermediários e os Grávitons

http://www.netpar.com.br/startrek/anti.htm

( Ver: Modelo padrão )

        Sólidos, líquidos e gases são agrupamentos de átomos (constituídos de prótons e elétrons, tecnicamente chamados de bárions matéria convencional - bariônica) que formam toda a matéria na Terra.

        A matéria de que somos feitos consiste principalmente em prótons e nêutrons, os componentes do núcleo atômico. Os físicos chamam essas partículas de bárions, da palavra grega barýs, "pesado". De fato elas são 2.000 vezes mais pesadas do que os elétrons. Experimentos mostram que os bárions são combinações de partículas ainda menores, os quarks.

Revista SCIENTIFIC AMERICAN - Brasil - Janeiro de 2005, página 82

www.sciam.com.br

        Os resultados combinados do estudo das supernovas distantes e das flutuações do fundo de microondas cósmico fornecem a "receita" do universo: densidade total próxima da densidade crítica: 2/3 (dois terços) do conteúdo na forma de energia_escura; 1/3 (um terço) na forma de matéria, da qual apenas 4% do total corresponde àmatéria bariônica, que conhecemos.

(Ver: Matéria escura )

O plasma é também conhecido como o quarto estado da matéria.

        Define-se geralmente a matéria como sendo:

  • o que tem extensão,

  • o que é capaz de nos impressionar os sentidos,

  • o que é impenetrável.

        São exatas estas definições? : "Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria." 

"A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação."  Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o Espírito.

- Paris, 18/4/1857

(Ver: Perispírito)

        Da matéria como a entendeis, a ponderabilidade é um atributo essencial da matéria. Não, porém, da matéria considerada como fluido_universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.

 - Paris, 18/4/1857

A matéria é formada de um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.

 - Paris, 18/4/1857

Matéria é uma forma ou um estado ou fase da energia (luz coagulada). Como a luz, a matéria vibra. Quanto maior a freqüência da vibração, menos densa ou sutil será a matéria. André Luiz (espírito), já em 1968, referia-se à matéria como “luz coagulada, substância divina, que nos sugere a onipresença de Deus”

( Ver: Nebulosas )

A diferença entre matéria e energia consiste apenas na diversidade de direção do movimento:

  • rotatório, fechado em si mesmo, na matéria;

  • ondulatório, de ciclo aberto e lançado no espaço, na energia

        Da matéria nasceu a energia, e da energia emergirá o espírito.

É a mesma a força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos inorgânicos. A lei de atração é a mesma para todos.  A matéria é sempre a mesma, dos corpos orgânicos e a dos inorgânicos, porém nos corpos orgânicos está animalizada.  A causa da animalização da matéria é a sua união com o princípio_vital.

- Paris, 18/4/1857

        A existência de uma matéria_elementar_única está hoje quase geralmente admitida pela Ciência, e os Espíritos, a confirmam. Todos os corpos da Natureza nascem dessa matéria que, pelas transformações por que passa, também produz as diversas propriedades desses mesmos corpos.  Daí vem que uma substância salutar pode, por efeito de simples modificação, tornar-se venenosa, fato de que a Química nos oferece numerosos exemplos. Toda gente sabe que, combinadas em certas proporções, duas substâncias inocentes podem dar origem a uma que seja deletéria.  Uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio, ambos inofensivos, formam a água.  Juntai um átomo de oxigênio e tereis um liquido corrosivo.

        Sem mudança nenhuma das proporções, às vezes, a simples alteração no modo de agregação molecular basta para mudar as propriedades. Assim é que um corpo opaco pode tornar-se transparente e vice-versa.  Pois que ao Espírito é possível tão grande ação sobre a matéria elementar, concebe-se que lhe seja dado não só formar substâncias, mas também modificar-lhes as propriedades, fazendo para isto a sua vontade o efeito de reativo.

- Paris 1861

        Segundo André Luiz: Mais da metade do Universo foi reconhecido como um reino de oscilações, restando a parte constituída de matéria igualmente suscetível de converter-se em ondas de energia ... O homem passou a compreender, enfim, que a matéria é simples vestimenta das forças que o servem nas múltiplas faixas da Natureza...

“Já vimos — diz Sua Voz, em “A_Grande_Síntese” — que a matéria é um dinamismo incessante e que a sua rigidez é apenas aparente, devida à extrema velocidade que a anima; e sabeis que a massa de um corpo aumenta com a velocidade no espaço.

Um jato de água, se velocíssimo, oferece à penetração de outro corpo a mesma resistência de um sólido. Quando a massa de um gás, como o ar, se multiplica pela velocidade, adquire a propriedade da massa de um sólido. A pista sólida que sustenta o aeroplano — que é um sólido suspenso num gás — é a sua velocidade em relação com o ar que, por sua vez, se lançado qual tufão, derruba casas. Trata-se de relação. De fato, quanto mais veloz é o aeroplano, tanto menores podem ser suas asas. Sabeis que dar calor a um corpo quer dizer transmitir-lhe nova energia, isto é, imprimir-lhe nova velocidade interior. A análise espectral vos fornece com tanta exatidão a luz equivalente dos corpos, que torna possível, através dessa emanação dinâmica, individualizá-los a distância, na astroquímica. É inútil correrdes atrás de vossos sentidos, na ilusão tátil da solidez, que julgais fundamental, porque é a primeira e fundamental sensação da vida terrestre. A solidez nada mais é que a soma de movimentos velocíssimos. Não vos iluda, também, a consistência das sensações, pois é devida somente à constância dos íntimos processos fenomênicos, no âmbito da Lei eterna. Os vossos sentidos não podem perceber sensações distintas, que se sucedam com extrema rapidez.

A matéria é pura energia. Na sua íntima estrutura atômica, é um edifício de forças. Matéria, no sentido de corpo sólido, compacto, impenetrável, não existe.

Não se trata senão de resistências, de reações; o que chamais de solidez é tão-só a sensação que ininterruptamente vos dá aquela força que se opõe ao impulso e ao tato. É a velocidade que enche as imensas extensões de espaços vazios em que as unidades mínimas se movem. É a velocidade_que_forma_a_massa, a estabilidade, a coesão da matéria. Notai como os movimentos rotatórios, rapidíssimos, conferem ao giroscópio, enquanto duram, um equilíbrio autônomo estável. É a velocidade a força que se opõe a que as partículas da matéria se destaquem, e que as mantém unidas enquanto uma força contrária não prevaleça.

Ainda quando decompuserdes a matéria naquilo que vos parecer serem os últimos_elementos, nunca vos encontrareis em face de uma partícula sólida, compacta, indivisível. O átomo é um vórtice; vórtices são o elétron e o núcleo; vórtices são os centros e os satélites contidos no núcleo, e assim ao infinito."

Toda a matéria, mesmo aquela considerada bruta e inerte, é viva e sente, pode plasmar-se e obedece, quando atingida por um comando forte.

[63 - A GRANDE SÍNTESE - A série das individuações químicas ]

( Ver: Processos das manifestações físicas )

A matéria comum, estudada pela física, é apenas 4% do que existe no cosmo.

 www.scian.com.Br

Matéria ordinária:

        A Matéria ordinária (do latim ''materia'', ''substância física'') é qualquer ''coisa'' que possui massa, ocupa espaço e está sujeita a inércia. A matéria é aquilo que existe, aquilo que forma as coisas e que pode ser observado como tal; é sempre constituída de partículas elementares com massa não-nula (como os átomos, e em escala menor, os prótons, nêutrons e elétrons).

        Estados da matéria ordinária:

  • estado sólido, partículas elementares fortemente ligadas, possuindo um corpo forma e volume definido;

  • estado líquido, as partículas elementares estão unidas mais fracamente e possuem apenas volume definido;

  • estado gasoso, as partículas elementares estão fracamente ligadas, não havendo agregação nem forma e volume definido.

        Existem também dois tipos de propriedades da matéria,...

  • as gerais que estão presentes em todos os tipos de matéria e

  • as específicas que distinguem as substâncias. Quanto às propriedades gerais, se definem:

    • A impenetrabilidade: dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo.

    • A mobilidade: quando os corpos ocupam sucessivamente diferentes posições no espaço.

    • A divisibilidade: quando se reduz em partículas menores que a original.

    • A extensão: indica o espaço ocupado pela matéria.

    • A elasticidade: indica o poder de um corpo em voltar a tomar a forma original no momento de dissipação de todas as forças sobre si.

    • A compressibilidade: o poder diminuir de volume sob ação de forças sobre si.

    • A inércia: quando um corpo não altera por si o seu estado de repouso ou de movimento, o qual se avalia pela massa.

    • E a ponderabilidade: quando um corpo sujeito a um campo gravitacional, avalia-se pelo peso.

        Quanto às propriedades específicas: Físicas, Químicas e Organolépticas, estas são:

  • Peso específico;

  • porosidade;

  • estrutura;

  • dureza;

  • solubilidade;

  • densidade;

  • calor específico;

  • condutibilidade;

  • magnetismo;

  • combustão;

  • hidrólise; pontos de fusão, condensação, solidificação e ebulição.

        Conforme descrito, definimos que a matéria se constitui de partículas fundamentais, a estas damos o nome de molécula, que é a menor porção que mantém as propriedades da substância, mas que pode ser dividida em átomos.

http://br.geocities.com/materia_py5aal/materia.html

Links:

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Aborto – Crime e Conseqüências

FERNANDO A. MOREIRA

          "O maior destruidor da paz no Mundo hoje, é o aborto.  Ninguém tem o direito de tirar a vida; nem a mãe, nem o pai, nem a conferência, ou o Governo." Madre Tereza de Calcutá (Mensagem à Conferência na ONU).

          O termo aborto que, cientificamente, indica o produto do abortamento, foi popularmente usado como sinônimo deste, confundindo-se, assim, a ação com o resultado dela, o ato de abortar com seu cadáver, o aborto. Apesar da ressalva, usa-remos indistintamente neste trabalho, dado a consagração do termo, uma ou outra denominação com a mesma finalidade.

          Assim, aborto ou abortamento seria a expulsão do concepto, antes da sua viabilidade, esteja ele representado pelo ovo, pelo embrião ou pelo feto; a expulsão do feto viável, antes de alcançado o termo, denomina-se parto prematuro. É, pois, a interrupção da gravidez antes da prematuriedade – abortamento; durante – parto prematuro; completada – parto a termo; ultrapassada – parto serotino.

Pode ser o aborto, sob o ponto de vista médico, espontâneo ou provocado, e a diferença está na intenção, pois que este último é devido à interferência intencional da gestante, do médico ou de qualquer outra pessoa, visando ao extermínio do concepto. Neste trabalho, por motivos óbvios, só nos referiremos ao aborto provocado.

Incidência

          Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), feitos por estimativa e, antes de serem publicados, já foram divulgados pela Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos ("Dossiê Aborto Inseguro") através do jornal O Globo, é na América do Sul onde ocorre o maior número de abortos clandestinos no mundo, vindo em segundo a América Central e, em terceiro, a África. O Brasil é o campeão mundial, pois aqui são consumados 1,4 milhão de abortos clandestinos por ano, mais do que todos os outros países da América do Sul reunidos. Meninas e jovens de até 19 anos fazem 48% das interrupções legais da gravidez, segundo a nossa rede pública. Dados do Fundo das Nações Unidas para a População (FUNUAP) mostram que em conseqüência de complicações deles, morrem por ano nos países da América Latina (inclusive no Brasil) seis mil mulheres, consistindo na terceira causa de morte materna, depois das hemorragias e da hipertensão. Relatório do Instituto Allan Gutmacher (Folha de S. Paulo: 14-3-99) mostra que a maior incidência por percentagem de abortos (36%) acontece nos países desenvolvidos, graças à permissão da lei, sendo deles também a maior taxa de gravidez não planejada (49%), mas englobam apenas 28 milhões de mulheres grávidas por ano. Os países subdesenvolvidos apresentam planejamento melhor (36% dos nascimentos não são previstos) e menos abortos (20%), entretanto representam 182 milhões de grávidas. No Brasil, segundo o mesmo Instituto, a cada 1.000 adolescentes grávidas, 32 recorrem ao aborto. Somente a República Dominicana (onde também é proibido)

e EUA (onde é legalizado), têm taxas maiores: 36.

          Conclui ainda o relatório que nos EUA, como é crescente o número de mulheres que praticam o aborto, existe uma preocupação do Congresso, que prevê crescimento populacional negativo na próxima década, falta de mão-de-obra e colapso de sistema previdenciário em vinte anos. Outro dado importante é que 63% das mulheres norte-americanas chegam aos 18 anos já tendo praticado sexo. Só na Dinamarca (72%) e na Islândia (71%) o percentual é maior. O próprio Instituto reconhece que parte das mulheres só fazem sexo por saberem que não terão filhos (seja porque usam métodos contraceptivos, seja pela prática do aborto). Equivale dizer que, naqueles países onde o aborto foi legalizado, ganhando o nome, dado por eles, de "aborto seguro", o número de abortamentos vem aumentando assustadoramente e não menos assustadora foi a diminuição do número de gravidezes programadas, denotando ambos, o aumento da "irresponsabilidade segura".

AS CONSEQÜÊNCIAS

          O aborto é um crime hediondo que produz uma série de conseqüências espirituais, perispirituais, físicas, psicológicas e legais.[3]

  • Conseqüências espirituais e perispirituais: estão relacionadas ao crime, com repercussões para o criminoso e a vítima.   PARA O CRIMINOSO: Em trabalho publicado na Revista Internacional de Espiritismo [x], referimo-nos à programação genética reencarnatória [4], já que "não existindo o acaso, tudo na reencarnação acontece sob a égide de Deus, o Senhor da Vida. Sendo esta programada, os Espíritos Superiores atuariam como construtores ou geneticistas, no fluxo da vida, selecionando o óvulo e o espermatozóide que originarão o ovo; sempre que possível participa nesta seleção genética o Espírito reencarnante, sendo o grau de comando dos Espíritos Superiores inversamente proporcional ao estágio evolutivo do Espírito. Estabelecem-se, outrossim, fortíssimos compromissos entre os pais e o Espírito reencarnante e vice-versa. Colaboram os Espíritos simpáticos e tentam interferir negativamente os Espíritos inimigos, de acordo com as possibilidades das sintonias". O produto deste magnífico trabalho de coorporificação da espiritualidade é o ovo, que originará os 75 trilhões de células do corpo físico[3], indo servir de roupagem ao Espírito reencarnante, como veículo possuidor de todas as dimensões necessárias e suficientes, colocadas a seu serviço para executar sua proposta reencarnatória e conduzi-lo à evolução espiritual. O aborto não é uma solução, é um adiamento doloroso, uma porta aberta de entrada no crime e no mal, e um rompimento de compromissos estabelecidos pelo Espírito, ora delituoso, com Deus, com o reencarnante e em última análise consigo mesmo. Quem quer que venha praticar esse delito ou com ele colaborar predispõe-se a alterações significativas do centro genésico, em seu perispírito, com conseqüências atuais e posteriores, na esfera patológica de seus órgãos sexuais e também, por vezes, dos centros de força (chacras) coronário, cardíaco e esplênico com todas as repercussões pertinentes. Nós estamos preparando hoje a reencarnação de amanhã; um aborto provocado agora se refletirá no chacra genésico, e será mais além o aborto espontâneo, pois a paternidade e a maternidade não valorizados hoje, o serão com certeza amanhã, noutra encarnação, mas agora por um processo educativo, que passa pela dor e pelo sofrimento redentor. Em igual patamar, como conseqüência, estão a prenhez tubária, a placenta prévia, o descolamento prematuro de placenta, a esterilidade, a impotência, entre outras causas que atingem a esfera do aparelho reprodutor masculino e feminino. PARA A VÍTIMA: O único caso em que é aceito o aborto, pela Doutrina Espírita, é quando existe risco insuplantável para a vida da mãe [x] . Em todos os demais casos considera-se ser este compromisso inquebrantável, sob o ponto de vista moral e portanto consciencial espiritual, quer na prova dolorosa do estupro, quer nos fetos acárdicos e anencéfalos, ou qualquer argumento, como o direito de escolha da mulher e sua plasticidade, falta de recursos financeiros, etc. A luta entre o "devo mas não posso e o posso mas não devo" nada mais é do que "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm" (Paulo, I Coríntios, 6:12). A reação da vítima, o Espírito reencarnante, varia, de acordo com seu grau evolutivo, da decepção, quando aproveita a reencarnação malograda para sua purificação, à obsessão, e dadas as circunstâncias, é mais provável que reaja da segunda forma, sintonizando-se às vezes com verdadeiras falanges de Espíritos obsessores: "(...) ódio aos que se recusaram a recebê-los num novo berço e, quando não lhes infernizam a existência terrena, em longos processos obsessivos, aguardam, sequiosos de vingança, que façam o trespasse, para então tirarem a forra, castigando-os sem dó nem piedade." [5]

  • Conseqüências físicas - Conseqüências físicas imediatas: Consideremos aqui as de ocorrência médica, que acontecem nesta encarnação. Estima-se que a morte da gestante ocorra em 20% dos casos de abortamento provocado na clandestinidade e além disso descrevem-se: perfurações do útero com cureta, sondas, velas, etc.; anemia aguda, decorrente de hemorragias provocadas por estas últimas, por abortamento incompleto (restos ovulares) e demais traumatismos da vagina, do útero e das trompas; infecções, inclusive tétano, abscessos, septicemias, gangrenas gasosas; esterilidade secundária; lesões intestinais, complicações hepáticas e renais pelo uso de substâncias tóxicas."[2]  Assim, o aborto, quando não determina a morte, pode imprimir marcas indeléveis no corpo físico e, como vimos, também no corpo perispiritual.

  • Conseqüências psicológicas - Não podemos fugir da nossa consciência, nem pretextar ignorância das Leis Morais pois elas estão aí impressas"[6] , e quando se pratica este tipo de crime, desperta-se o sentimento de culpa, o arrependimento e às vezes o remorso, a nos perseguir por toda vida física e extrafísica. O arrependimento é a ante-sala da reabilitação, e quando dinâmico, canalizado para ações construtivas, pode levar, via reforma íntima e trabalho regenerador, e não raro espelhado na adoção, a minimização de nossas faltas. O remorso é a lamentação interior inoperante, completamente estático, que como um ácido corrói o recipiente onde é guardado, provocando a viciação mental, a mente em desarmonia, que é porta aberta aos processos obsessivos."[x]

  • Conseqüências legais - Não nos estenderemos sobre o tema, lembrando que "nem tudo que é legal é moral e nem tudo que é moral é legalizado"[7] . O aborto é um crime, e se não é admissível que morram mulheres jovens, menos admissível ainda é que se assassinem covardemente os mais jovens ainda e mais indefesos, praticando-o. O assunto é tratado nos artigos 124 a 128 do Código Penal, determinando penas que vão de 1 a 10 anos.

Conclusão:

          "O primeiro dos direitos naturais do homem é o direito de viver. O primeiro dever é defender e proteger o seu primeiro direito: a vida."[8]

          O aborto é um crime nefando, porque praticado contra um inocente indefeso; o produto da concepção está vivo, e tem o direito Divino de continuar vivendo e de nascer. Transgride-se assim o 5o Mandamento: "Não Matarás".

          Errar é humano; assumir o erro, é divino.

          O Espiritismo não aceita a legalização do aborto, nem com ela compactua, porque legalizá-lo é legalizar o crime e a irresponsabilidade. O "aborto seguro" com que acenam, dizendo-se defensores da vida da mulher, mesmo se verdadeira, não passa de uma proposta para o crime, em que saem em desvantagem as vítimas, os inocentes e indefesos conceptos e aparentemente premiada a irresponsabilidade, excetuando-se desta os casos de estupro, no qual também não justificamos o delito, pois mesmo aí existe um compromisso cármico a ser cumprido.

          "Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus:[9]

          – Que fizestes do filho confiado à vossa guarda?"

          E quem praticou o aborto responderá:

          – Eu matei meu próprio filho...

          Quem assim dirá, embora reconhecendo a grave falta em que incorreu, não deve cultuar o remorso ou consumir-se no sentimento corroente da culpa, que levariam à estagnação, mas dinamizar-se e orientar sua energia no trabalho regenerador, agora sim, na defesa da vida, praticando a caridade, dedicando-se ao próximo e servindo com amor, que alcançariam sua plenitude na dádiva espelhada da adoção, na certeza de que com esses procedimentos encontrará a justiça indulgente e a misericórdia do Criador.

"Não é na culpa corrosiva nem no remorso paralisante, mas sim no arrependimento dinâmico que nos remete à ação e ao amor, afastando-nos do vale da dor e do sofrimento, que encontraremos o caminho da libertação."[10]


Referências Bibliográficas:

[1] FURLAN, Laércio. Respeito ao embrião e ao feto – Diga não ao Aborto. Mundo Espírita. jan. 98, p. 2.

[2] REZENDE, Jorge. Ed. Guanabara-Koogan, 1963, p. 667.

[3] MOTA JR., Eliseu Florentino. Aborto sob a luz do Espiritismo. Matão (SP): Casa Ed. O Clarim, 1995, p. 97 e 121.

[4] MOREIRA, Fernando Augusto. Reencarnação e Genética, Revista Internacional de Espi-ritismo, março 2000, p. 6.

[5] CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1991, p. 77.

[6] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 80. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1987, perg. 358, 359 e 621.

[7] CARVALHO, Alamar Régis. O Aborto e suas conseqüências, SEDA – Salvador, (BA): 31-7-99)

[8] KARDEC, Allan. Revista Espírita. Aborto; direito ou crime?; extraído do site www.cvdee.org.br , em 24-11-99.

[9] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 116. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1987, p. 240.

[10] GANDRES, Doris Madeira. Tesouro maior, Revista Internacional do Espiritismo, jan 1999, p. 220.

[1]1 XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz. Missionários da Luz. 34. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2000, p. 187 a 189 e 208.

[12] KÜHL, Eurípides. Genética e Espiritismo, Rio de Janeiro: FEB, 2. ed., 1996, p. 40.

[13] MIRANDA, Hermínio C. Nossos Filhos são Espíritos. Publ. Lachâtre, 1995, p. 47.

[14] SOARES, José Luis. Biologia. Ed. Scipione, 1997, p. 195.

[15] DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, 23. ed. FEB, 2000, p. 193.

[16] ROCHA, Alberto de Souza. Além da matéria densa. Ed. Correio Fraterno, 1997, p. 153. Reencarnação em foco. Casa Editora O Clarim, 1991, p. 105.

[17] LIMA, Inaldo Lacerda. Reformador, jun. 1987, p. 169.

[18] SANTA MARIA, José Serpa de. Direito de Viver. Reformador, jun. 1992, p. 168.

* As referências assinaladas com [x] correspondem às de números [1]1 a [18], pertencentes ao artigo Reencarnação e Genética (ver referência 1), em que se baseou o texto deste artigo.

Revista REFORMADOR  Julho de 2001

Sexo no Mundo

Você ainda acha que o sexo é igual para todos, qualquer que seja o lugar? Que tal dar uma volta e conhecer os costumes e as curiosidades de alguns povos em diferentes lugares do planeta.

Na África do sul, na tribo dos Zulus, o rei podia ter até cem esposas. Alguns costumes dessa tribo são peculiares: é proibido manter relações sexuais após um pesadelo, durante uma tempestade. A mesma regra vale caso o marido tenha matado uma cobra grande, um crocodilo ou uma hiena.

No Afeganistão, na época do regime ultra-radical e conservador do Taliban, a sexualidade das mulheres era extremamente castradora. As mulheres eram obrigadas a cobrirem todo o corpo com uma espécie de manto denominado Burka, restando uma pequena abertura na altura dos olhos e nariz, protegida por um tecido mais fino, permitindo assim a visão.Ao entrarem na adolescência, elas eram proibidas de dirigir qualquer palavra aos homens, exceto os parentes. Olhar ou permanecer mais de cinco minutos com outro homem que não fosse de sua família, era considerado adultério, e a mulher poderia ser apedrejada em praça pública até a morte. Não podiam amamentar seus filhos em lugares públicos. Eram proibidas ainda de estudar e trabalhar. Sair de casa, somente era permitido na companhia de parentes. As mulheres não podiam usar maquiagem, jóias, esmalte (aquelas que ousassem sair com as unhas pintadas poderiam ter seus dedos amputados) ou fazer barulho com a sola do sapato em público. As janelas das casas em que moravam mulheres deveriam ser pintadas, de forma que quem estivesse do lado de foras não pudessem vê-las.

Após a derrubada do regime Taliban, noticiários de tv exibiram imagens de um povo comemorando sua “liberdade”. Essas imagens de um país em reconstrução mostraram que algumas mulheres já aboliram o uso da Burka, porém outras ainda não. Toda e qualquer transformação pode afetar a forma de exercer a sexualidade. De qualquer forma as transformações de toda uma cultura costumam ser lentas e, nesse caso, somente o tempo se encarregará de mostrar os resultados.

No Alasca, em algumas tribos de esquimós existe a tradição de oferecer, ou melhor, colocar a disposição do visitante, a esposa ou a filha, como gesto de amizade e boas vindas. Essa tradicional “hospitalidade sexual” também é encontrada em alguns locais da Sibéria e da Polinésia.

Em Angola, quando um homem é coroado Saba (rei que chefia um grupo de tribos), este recebe de presente uma virgem e precisa transar com ela na presença de seus súditos. Na tribo Ashanti, em Gana, as viúvas são obrigadas a ter relações sexuais com estranhos para que possam se libertar do espírito do marido falecido.

Em Botsuana, a poligamia é permitida aos homens. Quando este se encontra ausente, é permitido as suas esposas manterem relações sexuais entre si. Neste país, os pequenos lábios vaginais “tão grandes quanto a asa de um morcego” são considerados atrativos por esse povo, de forma que desde crianças as meninas são acostumadas a puxarem seu pequenos lábios, sendo que elas também costumam matar morcegos para que após queimar as suas asas, possam passar suas cinzas pelos cortes feitos em volta da região.

Após tudo que foi descrito acima, é inegável que a maneira como exercemos o sexo é fruto das influências sócio-culturais de um povo em uma determinada época. E você, ainda acha que o sexo é igual para todos?

Kelly Cristine Barbosa Cherulli
Sexóloga e Psicóloga

Sexo na Índia

Na Índia, semelhante à situação na China, controle de natalidade e crescimento exponencial da população são também problemas cruciais para o país. A Índia atingiu a marca de 1 bilhão de habitantes (um sexto da população do mundo inteiro) no ano 2000, e mesmo com as atuais medidas de controle de natalidade, especialistas esperam que esse número dobre para 2 bilhões no ano de 2040. É difícil controlar tal crescimento em uma nação onde a pobreza, padrões culturais e religiosos e desinformação tem uma grande influência. Métodos de controle de natalidade não são algo simples que as pessoas decidem quanto estão prestes a fazersexo, e há muito mais envolvido. Especialmente quando estamos lidando com uma nação onde apenas 50% da população inteira admite usar um método de controle de natalidade de algum tipo.

Outro importante problema que também interfere nas medidas de controle de natalidade na Índia é uma aberta preferência por meninos à meninas. Como o sistema de dote ainda prevalece na Índia ainda que seja agora considerado ilegal, é muito caro para uma família criar uma menina. Outros fatores também parecem ser cruciais para o problema da população na Índia:

  • O método de controle de natalidade mais usado no país é o DIU, somando 38% da população feminina. Além de ser um método de controle de natalidade mais caro, abre uma porta para diversas doenças e problemas na vida sexual de muitos casais.

  • No que diz respeito às mulheres que escolhem a esterilização voluntária (que é outra opção comum na Índia, somando 19% da população que usa algum tipo de método contraceptivo), elas não afetam positivamente o controle de natalidade, já que quase 60% delas esperam até ter no mínimo dois meninos, ou o número de crianças que o casal tem em média no país, que é quatro filhos.

A política de controle de natalidade foi implantada na Índia nos anos 50, quando o governo implicitamente acreditou que a nação iria seguir o exemplo de outros países onde a industrialização e um significativo aumento no padrão de vida traria mudanças ao comportamento sexual dos cidadãos e uma queda no crescimento populacional, o que infelizmente não aconteceu.

História do Incesto na Mitologia

A atividade sexual entre membros de uma mesma família é chamada “incesto”. Pesquisas cuidadosas têm revelado que o incesto, dentre todas as proibições ligadas à sexualidade humana, é a que mais preocupa cada indivíduo, povo ou cultura, nas diversas épocas da história da humanidade. Em praticamente todas as culturas ou civilizações, o comportamento incestuoso tem sido considerado uma ameaça social e, por isso, intensamente proibido.

Muitas sociedades aceitam o homossexualismo, o sexo entre adultos e crianças, o travestismo, o transexualismo ou as relações com animais. No entanto, os contatos sexuais entre parentes muito próximos são estritamente proibidos. Mas, apesar de constituir tabu, o incesto é um tema que aparece com relativa freqüência na mitologia, no folclore, na literatura e na história da humanidade.

As penas previstas no Antigo Testamento pela prática do incesto eram extremamente severas, consistindo, em geral, na morte pela fogueira, em praça pública. O tema do incesto também foi explorado pela literatura de todos os tempos. A obra mais conhecida nesse sentido é a peça Edipo Rei, do dramaturgo grego Sófocles (495 a.C. — 406 a.C.). A peça apresenta a tragédia de Édipo, um homem que, perseguido pela fatalidade do destino, mata seu pai, Laio, e casa com sua mãe, Jocasta.

Eurípides (484 a.C. — 406 a.C.), outro autor grego, também utilizou o tema do incesto em pelo menos duas de suas obras: Electra (413 a.C.) e Hipólito (428 a.C.). A primeira é a lenda de uma mulher, Electra, que incita o irmão, Orestes, a vingar o assassinato de seu pai, Agamenon, cometido por sua mãe, Clitemnestra. Torturada pela culpa, depois que Orestes mata sua mãe, de quem ele era amante, Electra enlouquece.

Na segunda obra, Eurípides narra a paixão de Fedra por seu enteado, Hipólito. Segundo essa lenda, Teseu, rei de Atenas, retorna com sua nova esposa, Fedra, para a cidade onde Hipólito, o filho que tivera com sua primeira esposa, Antíopa, cresceu e se tornou um belo rapaz. Fedra se apaixona pelo enteado mas, repudiada por ele, suicida-se, deixando uma carta para Teseu, na qual acusa falsamente Hipólito de tê-la violentado.

Este morre quando um monstro marinho assusta os cavalos de sua carruagem, fazendo-o precipitar-se no abismo. A tragédia termina com Teseu morrendo após descobrir, tardiamente, a inocência do filho. A expressão “complexo de Fedra” (decorrente da peça de Eurípides) tem sido usada para designar qualquer atração amorosa intensa entre padrastos ou madrastas e enteados.

Em 1900, Freud afirmou que havia uma grande analogia entre essas lendas gregas e certas fantasias normalmente desenvolvidas por crianças de dois anos e meio a seis anos. Por meio de tais fantasias, as crianças do sexo masculino manifestariam um grande apego à mãe e, simultaneamente, ciúme contra o pai.

Já as crianças do sexo feminino evidenciariam intenso apego ao pai e, ao mesmo tempo, ciúme contra a mãe. Durante algum tempo, a expressão “complexo de Electra”, cunhada por Carl Gustav Jung (1875-1961), foi utilizada para designar a situação edipiana referente à atração entre filha e pai. Essa expressão caiu, no entanto, em desuso.

Jonatas Dornelles
Antropólogo

História do Incesto em Diversas Culturas

Em todas as sociedades humanas ambos os parceiros de um casal são proibidos de formar ligações sexuais com seus próprios descendentes. Da mesma forma, as restrições contra os contatos sexuais entre irmãos e irmãs são quase tão universais quanto as que proíbem as relações entre os pais e seus descendentes. A proibição das ligações entre pais e descendentes e entre os irmãos entre si tende a reduzir ao mínimo o ciúme e a rivalidade sexual no seio de uma família.

No entanto, as exceções ao tabu do incesto sempre estiveram restritas a algumas camadas especiais, nunca se estendendo à população em geral. Isso também ocorre entre outros povos, como os Azande, habitantes do leste do Sudão, no centro da África, onde é hábito os chefes mais altos coabitarem com suas próprias filhas. Em todos os casos, essas uniões incestuosas se estabelecem sob a forma de um relacionamento duradouro, e não como ligações ocasionais.

As regras sociais contra as relações sexuais entre parentes próximos refletem tendências culturais, e não determinismos de ordem biológica, pois o relacionamento genético próximo não constitui uma barreira à atração erótica. Ao observarmos os sonhos e as fantasias de membros de nossa sociedade e de muitas outras, que freqüentemente constatamos a forte atração sexual entre pais e descendentes, bem como entre irmãos.

Entretanto, em virtude dos efeitos poderosamente inibidores de condicionamentos precoces, a maioria das pessoas não reconhece conscientemente suas próprias tendências incestuosas. Todas as sociedades estendem as proibições do incesto além da unidade familiar. Em algumas culturas a proibição se estende até aos parentes de segundo grau (como irmã do pai ou da mãe, filha do irmão ou da irmã). Além disso, algumas sociedades, como a americana, incluem mais alguns parentes, tais como os primos-irmãos.

Muitas sociedades estendem as proibições do incesto a limites muito mais amplos, de maneira a incluir maior número de parentes. Ironicamente, em algumas culturas, a interpretação do incesto é tão ampla que exclui como parceiros sexuais em potencial metade da população disponível.

As reações emocionais ao tabu do incesto variam amplamente de cultura para cultura. Algumas sociedades parecem evitar o incesto, acreditando que sofrerão punições sobrenaturais ao praticá-lo. Como exemplos dessas sociedades temos alguns povos primitivos da Austrália, que consideram as ligações incestuosas como um crime muito grave, que pode ter efeitos calamitosos.

Outras sociedades têm um conhecimento apenas superficial do tabu do incesto, e encaram as transgressões, exceto aquelas que envolvem pais, filhos e irmãos, como ofensas menores, que podem ser facilmente compreendidas e esquecidas. A avaliação da gravidade do incesto varia de uma sociedade para outra.

Assim, em muitas culturas o incesto entre pais e filhos, particularmente entre mãe e filho, é a forma mais grave, enquanto em determinadas sociedades matrilineares (em que a sucessão se faz por linha materna), como a dos Trobriandeses, a ligação sexual entre o tio materno e sua sobrinha é a transgressão capital. Isso porque, nessa cultural o tio assume o que para nós seria a função do pai.

Por Jonatas Dornelles
Antropólogo

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Shambala ―A Resplandescente


Nicholas Roerich In

― Lama! Fala-me de Shambahla!

― Vocês, os ocidentais, não sabem nada de Shambahla e nem desejam saber nada. Provavelmente perguntou por mera curiosidade e, assim, pronuncia esta palavra sagrada em vão.

― Lama, não pergunto acerca de Shambala sem um objetivo. Em todo o mundo as pessoas conhecem este grande símbolo sob diferentes denominações. Nossos cientistas buscam qualquer indício deste reino notável. Csoma de Koros sabia algo sobre Shambhala [Shambala] quando realizou uma prolongada visita aos monastérios budistas. Grunwedel traduziu o livro do famoso Tashi Lama, Pal-den Ye-She, onde referiu-se a Shambala como Ruta. Sentimos que uma grande verdade se oculta nos símbolos secretos. Os cientistas desejam saber tudo sobre o Kalachakra.

― Como pode ser isso, quando os ocidentais profanam nossos templos, fumam dentro de nossos santuários sagrados; não compreendem nem desejam venerar nossos ensinamentos. Ironizam e abusam de símbolos cujo significado não alcançam. Se nós visitamos seus templos nossa conduta será completamente diferente porque o grande Bodhisattva de vocês, Issa [Jesus], é verdadeiramente eminente. E nenhum de nós difamaria os ensinamentos de misericórdia e justiça.

― Lama, somente os muitos ignorantes ridicularizam os Ensinamentos. Todos os ensinamentos de justiça são como um lugar sagrado e ninguém em juízo perfeito violará os lugares sagrados. Lama, por quê crês que o Ensinamento essencial do Santo é desconhecido no Ocidente? Por quê crês que no Ocidente nada sabemos de Shambhala? ...

O Lama nos estuda com olhar penetrante:

― A Grande Shambahla está muito além do oceano. É o poderoso domínio celestial. Nada tem com a nossa Terra. Como e por quê vocês, as pessoas da Terra estão interessados nela? Somente em alguns lugares, no longínquo norte, pode-se perceber os raios resplandecentes de Shambahla.

― Lama, conhecemos a grandeza de Shambahla. Conhecemos a realidade deste reino indescritível. Mas também sabemos algo da realidade da Shambahla terrena, como a rota das coisas físicas habituais. Sabemos de um lama que seguiu, acompanhado, através de uma galeria secreta e muito estreita. Sabemos que outro visitante viu uma caravana de habitantes das montanhas nas fronteiras de Shambahla; e mais, nós mesmos vimos um dos três fortes fronteiriços de Shambahla. Deste modo, desejaria, falasse-me, não apenas da Shambahla celestial, mas também da que está na Terra pois sabeis tão bem quanto eu que a Shambahla terrena está conectada com a celestial. E neste vínculo estão unidos dois mundos.

O Lama fica calado, com as pálpebras semi-cerradas, examina nossos rostos e no ocaso da tarde começa seu relato:

― Realmente, é chegado o momento em que o Ensinamento do Santo, uma vez mais, chegará ao sul proveniente do norte. A palavra da Verdade que começou seu grande sendero desde Bodhigaya, regressará, novamente aos mesmos lugares. Devemos aceitar isso; o verdadeiro ensinamento abandonará o Tibet e aparecerá outra vez no sul. E em todos os países se manifestarão as alianças de Buda. Na realidade, grandes coisas estão chegando... É provável que o raio da torre de Rigden Gyeppo yenha chegado a todos os países.

A luz da Torre de Shambahla resplandece como um diamante. ele está ali, Ridgen Gyeppo, infatigável, sempre vigilante pela causa da Humanidade. Seus olhos nunca se fecham e em seu espelho mágico vê todos os acontecimentos da Terra. O poder de seu pensamento pode chegar aos lugares mais distantes. A distância não existe para ele; pode, instantaneamente, oferecer ajuda a todo aquele que está necessitado e se ofereça para servir à causa da justiça. Ele pode até mesmo mudar o carma dos seres humanos.

― Lama, parece-me que falas de Maitreya, não é assim?

― Não devemos pronunciar este mistério! Há muito que não pode ser revelado. Há muito que não pode ser cristalizado em um som. Com o som revelamos nossos pensamentos. Com o som projetamos nosso pensamento no espaço e o resultado pode ser danoso. Porque tudo o que se divulga antes do tempo destinado desencadeia dano incalculável. Pode-se provocar enormes catástrofes com atitudes precipitadas. Se Rigden Gyeppo e o Santo Maitreya são uma só e mesma pessoa para você, que assim seja. Eu não o disse. Incontáveis são os habitantes de Shambahla. Numerosas são as esplêndidas forças e dádivas que ali estão sendo preparadas para a Humanidade...

― Lama, o Vedanta nos disse que brevemente serão entregues à Humanidade novas energias. É verdade?

― Inumeráveis são as grandes coisas predestinadas e preparadas. Através das Sagradas Escrituras sabemos dos ensinamentos do Santo sobre os habitantes de estrelas distantes. Da mesma fonte temos ouvido sobre o pássaro de aço voador... de serpentes de ferro que devoram o espaço com fogo e fumaça. Tahagata, o Santo, predisse tudo isso para o futuro. Sabia que os auxiliares de Ridgen Gyeppo se reencarnariam no devido tempo; que o exército sagrado limparia Lhasa [capital do Tibet] de todos os seus atrozes inimigos; e que se estabeleceria o reino da justiça.

― Lama, se os grandes guerreiros se encarnaram, acaso as atividades de Shambahla não teriam lugar em nossa Terra?

― Em todas as partes; aqui e no céu. Todas as forças benévolas se uniram para destruir a obscuridade. Todos os que prestarem auxílio na Terra serão recompensados cem vezes e nesta mesma Terra, nesta encarnação. Todos os pecadores contra Shambahla perecerão nesta encarnação porque esgotaram a misericórdia.

― Lama, vós conheceis a verdade; diga-me, então, por quê há tantos sacerdotes indignos?

― Certamente, essa não é uma desculpa mas se o Ensinamento deve se deslocar para o sul então não é surpreendente que muitos lamas sábios tenham abandonado o Tibet. No Ocidente, sabem que Pan-chen-rinpoche [Lama Tashi] está em contato com Shambahla?

― Lama, sabemos que Pan-chen-rinpoche é muito estimado em todas as partes, em diferentes países, não somente entre os budistas, mas entre povos de muitas nações, temos notado que falam favoravelmente de Sua Santidade. Dizem que muito antes de sua partida já estavam traçados, em todos os detalhes, suas futuras viagens. Sabe,os que Pan-chen-rinpoche segue os costumes de todos os grandes lamas. Ouvimos falar que ele e seus seguidores escaparam de muitos perigos.

O Lama e o Lago

Sabemos que em uma época, seus perseguidores de Lhasa estavam sobre ele quando uma grande nevasca lhes bloqueou o caminho. Em outro dia, Pan-chen-rinpoche chegou a um lago nas montanhas e se viu com um difícil problema. seus inimigos estavam próximos e, para escapar seria necessário rodear ou transpor o lago. Pan-chen-rinpoche sentou-se a meditar profundamente durante algum tempo. Quando se levantou, deu ordens para que, não obstante o perigo, toda a caravana passasse a noite às margens do lago.

Foi então que aconteceu o extraordinário: durante a noite o lago congelou-se e cobriu-se de neve. Antes do amanhecer, quando ainda estava escuro, o Lama Tashi deu ordens para que sua gente se movesse depressa e cruzou o lago com seus trezentos seguidores, caminhando sobre as águas congeladas, fazendo uma rota mais curta, escapando ao perigo. Quando seus inimigos chegaram ao mesmo lugar o sol estava alto e o calor havia derretido o gelo. Eles teriam de contornar o lago... Não foi assim?

― Verdadeiramente, assim foi. Pan-chen-rinpoche recebeu ajuda da Sagrada Shambahla ao longo de suas viagens. Viu muitos sinais maravilhosos quando cruzou as terras altas do norte.

― Lama, no distante Ulan-Davan vimos um enorme abutre negro que voava baixo próximo ao nosso acampamento. Cruzou em direção a algo resplandecente e belo, que voava ao sul, sobre o acampamento, que brilhava sob os raios do sol.

Os olhos do Lama chisparam. Com ansiedade, perguntou:

― Também sentiste o aroma de incenso no deserto?

― Tens toda razão, Lama, no deserto pedregoso, longe de qualquer lugar habitado, muitos de nós sentimos uma estranha fragrância, um perfume. Aconteceu várias vezes. Nunca sentíramos um perfume tão delicioso. Recordo-me de um certo incenso que um amigo meu me deu uma vez na Índia. Onde o obteve, não sei.

― Ah, estais protegido por Shambahla. O enorme abutre é vosso inimigo, que está ansioso para destruir vosso trabalho mas a força protetora de Shambahla os segue nesta forma radiante de matéria. Esta força está sempre próxima de vós, mas nem sempre podeis percebê-la. Só em certas ocasiões se manifesta para fortalecê-los e dirigi-los. Notaste em que direção se movia a esfera? Deves seguir a mesma direção. Você mencionou a palavra sagrada: Kalagiya! Quando alguém ouve este chamado imperativo, deve saber que o caminho para Shambahla está aberto. Deve recordar o ano em que foi chamado, pois desde este momento e para sempre o Santo Rugden Gyeppo lhe ajudará em tudo. Mas deves saber perceber a forma com que as pessoas recebem ajuda, porque muitas vezes elas rejeitam a ajuda que lhes é enviada.

― Lama, diga-me como Shambahla ajuda as pessoas simples. Temos notícia dos adeptos e dos auxiliares encarnados de Shambahla. Mas de que maneira se manifesta o poder de Shambahla entre os humildes?

― De muitas maneiras diferentes. Aqueles que em encarnações passadas seguiram os ensinamentos e foram úteis para a Causa Comum, recebem ajuda desta causa comum.

Uma História de Shambahla

Não fazem muitos anos, durante a guerra, um homem perguntou a um lama se devia mudar de residência. O lama respondeu que podia ficar no mesmo lugar durante seis meses mas depois estaria em grave perigo e, então, deveria fugir sem delongas. Durante os seis meses que se seguiram o homem teve muito êxito em seu trabalho; tudo estava em paz e suas posses se multiplicaram. Quando os seis meses chegaram ao fim, pensou: "Por quê haveria de arriscar minha propriedade abandonando este lugar tranqüilo? Tudo me parece tão próspero e não existe nenhum perigo aparente. É provável que o lama tenha se equivocado".

Mas o fluido cósmico não se deteve e o perigo predestinado apareceu de repente. As tropas dos inimigos se acercaram do lugar rapidamente vindas de todas as direções. Então, o homem se deu conta que havia perdido sua melhor oportunidade e que, agora, não podia fugir. Se dirigiu apressadamente para ver o mesmo lama e contou o que havia acontecido.

O lama disse que, por certas razões era necessário que se salvasse; mas agora era mais difícil ajudá-lo. "Perdeste a melhor oportunidade, contudo posso fazer algo por você. Amanhã, reúne tua família e segue na direção norte. No caminho encontrará seus inimigos, é inevitável. Quando eles avançarem, afasta-te do caminho e permanece em silêncio. Ainda que se aproximem, ainda que falem contigo, fica calado e imóvel até que tenham se afastado".

E assim sucedeu. O homem com sua família e seus pertences partiu ao amanhecer. De repente no fim da manhã distinguiram as figuras de um grupo armado que se aproximava com toda pressa. Afastaram-se do caminho e permaneceram em silêncio, tensos.

Os salteadores logo se aproximaram e o homem ouviu um deles gritar: ― Aqui estão! Vejo pessoas aqui. Provavelmente há um bom botim [saque] para nós!

Outro respondeu, rindo: ― Amigo, seguramente dormiste mal à noite, posto que não consegues diferenciar pedras de seres humanos...

O primeiro insistiu: ― Mas estou a ver um cavalo!

O outro riu: ― Não creio que chegues longe em cavalo de pedra. Acredita que um cavalo, diante da nossa presença, permaneceria imóvel?

Todos quedaram-se a rir e zombando do companheiro passaram próximos do grupo imóvel. Logo desapareceram na neblina. Assim, naquela situação tão difícil, aquele homem se salvou. Porque havia sido útil a Shambahla simplesmente uma vez. Shambahla sabe de todas as coisas mas os segredos de Shambahla estão bem protegidos.

Os Segredos de Shambahla

― Lama, como estão protegidos os segredos de Shambahla? Dizem que muitos servidores de Shambahla, muitos emissários, estão em todo o mundo. Como podem conservar os segredos que lhes foram confiados?

― Os grandes guardiões dos mistérios observam de perto todos aqueles a que receberam tarefas e missões. Se lhes sucede um mal inesperado, recebem ajuda de imediato. E o tesouro confiado será protegido. Há uns cinqüenta anos atrás um grande segredo foi confiado a um homem que vivia no grande deserto mongol, Gobi. Foi-lhe dito que podia usar esse segredo com um propósito especial mas, quando sentisse que se aproximava o momento de deixar este mundo, deveria encontrar alguém digno a quem confiar o tesouro.

Muitos anos se passaram. Finalmente, este homem caiu enfermo e durante essa enfermidade acercou-se dele uma força maligna e ele entrou em estado de inconsciência. Neste estado, não podia encontrar ninguém digno de receber a confiança de seu tesouro. Mas os grandes Guardiões estão sempre vigilantes e alertas. Um deles, de alto Ashram se apressou através do poderoso Gobi. Viajou mais de sessenta horas na montaria sem descansar.

Diante do homem enfermo, chegou a tempo de revivê-lo, se bem que por pouco tempo, mas o suficiente para que encontrasse alguém a quem transmitir a mensagem. Poderíamos perguntar por quê o Guardião não levou, ele mesmo, consigo, o tesouro? Porque o grande carma tem seus próprios procedimentos e até os mais graduados guardiões dos mistérios, as vezes, desejam tocar nos fios do carma. Mas cada um desses fios, caso se rompa, produz como resultado a maior das calamidades.

― Lama, em Turfan e no Turquestão mostraram-nos grutas com extensas galerias. Podemos chegar aos Ashrams de Shambahla através destas rotas? Nos disseram que em algumas ocasiões, pessoas estranhas saem dessas grutas e se dirigem às cidades onde, ao pagar suas contas, apresentam moedas estranhas e antigas, fora de uso há muito tempo.

― É verdade, é verdade. Os habitantes de Shambahla a vezes "emergem" a este mundo. Se encontram com os auxiliares terrenos de Shambahla. Pelo bem da Humanidade, enviam dádivas preciosas, notáveis relíquias. Posso contar muitas histórias dos maravilhosos presentes que receberam através do "espaço". Até mesmo Rigden Gyeppo aparece, em certas ocasiões, em corpo humano. Surge de repente em lugares sagrados, monastérios e, no momento predestinado, anuncia suas profecias.

Pela manhã, muito cedo, antes do amanhecer, o Soberano do Mundo chega ao templo. Entra. todas as luzes se acendem ao mesmo tempo. Alguns reconhecem o forasteiro. Os lamas se reúnem com grande reverência. Escutam com toda a atenção as profecias do futuro.

Aproxima-se uma grande época. O Soberano do mundo está pronto para lutar. Muitas coisas estão se manifestando. O fogo cósmico aproxima-se, novamente, da Terra. Os planetas estão manifestando novos tempos. Mas haverá muitos cataclismos antes da nova era de prosperidade. Novamente a humanidade será posta à prova, para saber se o espírito progrediu o suficiente.

Agora, o fogo subterrâneo deseja entrar em contato com o ardente elemento Akasha. Se as maiores forças boas não combinam seu poder, os maiores cataclismos são inevitáveis. Conta-se que o Santo Rigden Gyeppo assume diversas formas para dar ordens aos seus mensageiros: como na rocha negra, a caminho de Ladak... E de todas as direções, cavaleiros mensageiros se aproximam com grande reverência para escutá-lo, e logo se apressam em cumprir o que lhes ordena a grande sabedoria.

― Lama, mas como os viajantes ainda não descobriram a Shambahla terrena? Nos mapas, podem-se ver muitas rotas de expedições. Ao que parece, estão marcados todos os picos e já foram explorados todos os vales e rios.

― É verdade que há muito ouro na terra e muitos diamantes e rubis nas montanhas; e todos estão ansiosos para possuí-los e muitos se ocupam de encontrá-los. Mas até o momento, estas pessoas não têm encontrado estas coisas e que se acautele um homem que intente chegar a Shambahla sem ter sido chamado! Deveis ter ouvido falar dos riachos envenenados que rodeiam as terras altas. Talvez tenhas visto pessoas morrer por causa de gases tóxicos, quando de Shambahla se acercam. Talvez, ainda, tenhas visto como os animais e as pessoas começam a estremecer quando se aproximam de certas regiões. Muitos tentam chegar a Shambahla sem ser chamados. Mas só uns poucos alcançam o ponto sagrado e somente se é de seu carma que consiga isto.

― Lama, falas de um lugar sagrado sobre a Terra. Existe ali uma vegetação rica? As montanhas parecem ermas e os ventos e nevadas com frio devastador, parecem muito severos.

Vales Ocultos

Em meio às altas montanhas existem inesperados vales ocultos. Mananciais cálidos nutrem a rica vegetação. Muitas plantas raras e ervas medicinais podem florescer neste terreno vulcânico, tão incomum. Talvez você tenha ouvido falar somente dos "dias de Nagchu", quando não havia uma árvores ou planta à vista... Mas há um vale com muitas árvores, erva e água cálida... Quem pode conhecer os labirintos das montanhas?

Sobre superfícies pedregosas são encontradas pegadas humanas. Não se pode compreender o pensamento das pessoas e, aquele que pode, permanece em silêncio. Talvez tenhas encontrado numerosos viajantes em tuas peregrinações, forasteiros vestidos com simplicidade, que caminham em silêncio através do deserto, seja frio ou calor, continuam seguindo suas metas desconhecidas.

As vestes são simples mas o forasteiro não é insignificante. Se seus olhos estão meio cerrados, não presuma que seu olhar não é aguçado. É impossível distinguir de onde vem o poder. Todas as advertências são inúteis, todas as profecias são inúteis; somente através do verdadeiro caminho de Shambahla se pode obter a dádiva. Dirigindo-se diretamente, você mesmo, ao Santo Rigden Gyepo, terás êxito.

― Lama, disseste que os inimigos de Shambahla pereceriam. Como pereceram?

― É certo, perecem no seu devido tempo. Suas próprias ambições os destroem. Rigden Gyeppo é misericordioso. Mas os pecadores são agressores de si mesmos. Quem pode dizer quando será entregue o prêmio merecido? Quem pode discernir quando, verdadeiramente, se necessita de ajuda? E qual será a natureza desta ajuda? São necessárias muitas catástrofes, e têm seus propósitos. somente quando nossa limitada natureza humana se convence que tudo se destrói, de que toda esperança perece, então, a mão criadora do Soberano projeta seu poderoso raio.

Como são aniquilados os pecadores?

Um lama pintor tinha o incomparável dom de pintar com incomparável beleza as imagens sagradas. Pintava soberbamente as imagens de Ridgen Gyeppo, do Santo Buda e de Dukhar, aquele que tudo vê. Outro pintor, enciumado, em sua ira, decidiu prejudicar o justo. Mas quando começou a caluniar o lama pintor, sua casa entrou a arder em chamas em virtude de uma causa desconhecida. Todas as suas posses foram destruídas e as terras do caluniador danificaram-se gravemente, tanto que durante algum tempo foram incapazes de produzir qualquer fruto.

Outro caluniador ameaçou destruir todos os trabalhos de um homem honesto mas foi ele mesmo quem se viu em dificuldade. Outro homem, que levava a cabo magníficas obras de caridade foi atacado por alguém que buscava destruir todas possessões que haviam sido dedicadas à causa da humanidade. Mas, novamente,o raio poderoso de Rigden Gyeppo alcançou o agressor que, em apenas um dia se viu destituído de todas assuas riquezas. Talvez já o tenhas visto mendigando no bazar de Lhasa.

Em cada cidade podeis ouvir como foram castigadas aquelas criaturas indignas que dirigiram seu veneno contra os dignos. Só através do sendeiro [caminho, senda] real de Shambahla podemos caminhar a salvo. Cada desvio deste caminho de glória resulta em grandes perigos mas tudo sobre a Terra pode ser buscado e compartilhado. O Bendito não ordena fé em um culto cego sem oconhecimento da experiência.

― Assim é, Lama. Também posso dizer-te alguém próximo se converteu em um irmão de Shambahla. Sabemos como chegou à Índia, como se perdeu repentinamente da caravana e como, muito depois, uma mensagem inesperada revelou a notícia de que estava em Shambahla.

Também posso dizer como, do distante Altai, muitos dos antigos crentes foram buscar as chamadas Belavodye (águas brancas) e nunca regressaram. Temos ouvido os nomes das montanhas, rios e lagos que existem na direção dos lugares sagrados. São secretos; alguns dos nomes estão alterados mas se pode discernir sua verdade fundamental.

Posso também dizer como um digno estudante deste elevado ensinamento partiu para chegar a Shambahla antes do memento que lhe havia sido ordenado. Era um espírito puro e sincero mas seu não se havia esgotado e seu trabalho terreno ainda não estava completo. Ainda era cedo para ele e um dos grandes mestres o encontrou, a cavalo, nas montanhas e pessoalmente falou com este viajante. Misericórdia e compassivamente o enviou de volta para que completasse as tarefas que deixara por terminar. Posso falar de Ashrams que ficam para além de Shigatse. Posso dizer-te como os irmãos de Shambahla apareceram em diversas cidades e como impediram as maiores calamidades humanas... Lama, conheces Azaras e Kuthumpas?

Homens das Neves

― Se tens conhecimento de tantos incidentes deverá ter êxito em seu trabalho. Saber tanto acerca de Shambahla é, em si, um manancial de purificação. Muitos, de nossa gente, durante suas vidas têm encontrado Azaras e Kuthumpas e aos Homens das Neves que os servem. Somente há pouco tempo os Azaras deixaram de ser vistos nas cidades. Estão reunidos nas montanhas. Muito altos, com longos cabelos e barba, parecem hindus, somente, à primeira vista. Uma vez, quando caminhava ao lago de Brahmaputra, vi um Azara. Tentei alcançá-lo mas rapidamente deu a volta nas rochas e desapareceu. Contudo, não encontrei nenhuma gruta ou caverna ali, tudo o que vi foi uma pequena estupa. Provavelmente, não queria ser molestado.

Já não se vêem Kuthumpas. Antes apareciam abertamente na região de Tsang e no lago Manasarowar, quando os peregrinos iam ao sagrado Kailash. Havia, inclusive os Homens das Neves, que só muito raramente aparecem. Uma pessoa comum, em sua ignorância, os confunde com aparições. Existem profundas razões pelas quais o Grandes não não são mais vistos como antes. Meu velho mestre me contou grande parte da sabedoria dos Azaras. Conhecemos vários lugares onde esses Grandes viveram mas, atualmente, estes lugares estão desertos. E que grande razão! Que grande segredo!

― Lama, então é verdade que os Ashrams foram transferidos das cercanias de Shigatse?

― Este mistério no se deve pronunciar. Eu disse que os Azaras já não se encontram em Tsang.

― Lama, por quê vossos sacerdotes dizem que Shambahla está muito além do oceano quando a Shambahla terrena está muito mais perto? Csoma de Koros, inclusive, menciona, muito justificadamente o lugar: o maravilhoso vale na montanha onde aconteceu a iniciação de Buda.

― Tenho escutado que Csoma de Koros sofreu muitas desgraças na vida; e Grunwedel, a quem mencionaste, tornou-se louco. Porque ambos tocaram no grande nome de Shambahla por curiosidade, sem se darem conta de sua prodigiosa importância. É perigoso brincar com fogo e, no entanto, o fogo pode ser uma das coisas mais úteis para a humanidade. Provavelmente tens ouvido falar de certos viajantes que tentaram penetrar no território proibido e que seus guias negaram-se a seguir, dizendo-lhes: "É melhor que nos mate". Até estas pessoas simples compreendiam que assuntos tão elevados deveriam ser tratados com o maior respeito.

Não ultrajes a lei! Espera em ardente labor até que o mensageiro de Shambahla chegue a vós merecidamente. Espera até que Aquele de voz poderosa pronuncie: "Kalagiya!". Então podeis proceder sem maiores cuidados e interpretar este assunto majestoso. A curiosidade vã pode em um aprendizado sincero, em aplicação de elevados princípios da vida cotidiana.

― Lama, és um andarilho; onde voltarei a encontrar-te?

― Rogo-te que não pergunte meu nome e se me encontrares em alguma cidade ou em outro lugar habitado, não me reconheça. Eu me aproximarei de ti.

― E se eu me aproximar afastar-te-ias, simplesmente, ou hipnotizar-me-ia?

― Não me obrigues a usar estas forças naturais. Entre algumas seitas Vermelhas é permitido aplicar certos poderes. Mas nós somente podemos empregá-los em casos excepcionais. Não devemos quebrar as leis da natureza. O ensinamento essencial de nosso Santo nos pede que sejamos cuidadosos em revelar nossas potencialidades interiores.

― Lama, diga-me, tens visto em pessoa Rigden Gyieepo?

― Não, não tenho visto o Soberano em carne e osso; mas tenho ouvido sua voz; e durante o inverno, quando a neve cobria as montanhas, uma rosa, uma flor do longínquo vale foi sua dádiva para mim. Me perguntas tanto que posso ver que tens conhecimentos sobre muitas coisas. Que farias se eucomeçasse a examinar-te?

― Guardaria silêncio, Lama. ― O Lama sorriu.

― Então sabes muito. Quem sabe estas a par de como usar as forças da natureza e como, no Ocidente, durante estes últimos anos se presenciaram muitos sinais, em especial durante a guerra que vós começastes...

― Lama, com certeza essa matanças sem precedente de seres humanos deve ter precipitado um inesperado fluxo de reencarnações. Tantas pessoas morreram antes da hora predestinada e através de tais incidentes, tantas distorções, tantos transtornos...

― Provavelmente no conheces as profecias pelas quais estas calamidades foram preditas há muito. Se as conhecesse nunca começaríeis este horrível holocausto. Se sabes algo sobre Shambahla, se sabes como utilizar suas forças naturais escondidas, também saber acerca de Namig, as cartas celestiais; e saberás como aceitar as profecias do futuro.

― Lama, temos ouvido que todas as viagens do Tashi Lama e do Dalai Lama foram preditas nas profecias muito antes de aconteceram.

― Repito que nas casas particulares do Tashi Lama, por ordem dele, foram pintados os acontecimentos de suas futuras viagens. Com freqüência, forasteiros desconhecidos pronunciam estas profecias e se podem ver e ouvir sinais evidentes dos acontecimentos que estão por vir.

Sabeis que próximos à entrada do grande templo de Geser Khan existem dois cavalos, um branco e um vermelho. E quando Geser Khan se aproxima, esses cavalos relincham. Ouviste falar que recentemente aconteceu um sinal e muitas pessoas ouviram o relinchar dos cavalos sagrados?

― Lama, mencionas o terceiro grande nome da Ásia...

― Mistério, mistério. Não deves falar demasiado. Em algum momento falaremos a um grande sábio: Geshe de Moruling. Este monastério foi fundado por nosso Dalai Lama, o grande, e o som do grande Nome é parte do nome do monastério. Dizem que antes de abandonar Lhasa para sempre, o grande Dalai Lama teve uma misteriosa neste monastério. A verdade é que vários lamas desapareceram deste monastério para realizar grandes tarefas novas. Ali poderias encontrar algo familiar para você.

― Lama, podes dizer-me alguma coisa sobre os três maiores monastérios próximos de Lhasa: Sera, Ganden e Depung?

O lama sorriu:

― Oh, são grandes monastérios oficiais. Em Sera, poderias encontrar muitos guerreiros verdadeiros entre os trem mil lamas. Muitos lamas de países estrangeiros, como Mongólia, estão em Ganden. Ali está o trono de nosso grande Mestre, Tsong-khapa. Nada pode tocar este grande assento sem tremer. Depung também tem alguns lamas sábios.

― Lama, existem galerias ocultas embaixo de Potala? Existe um lago subterrâneo no templo principal?

O Lama voltou a sorrir.

― Sabes tantas coisas que parece que estiveste em Lhasa. Não sei quando esteve ali ou se esteve ali com outras vestimentas mas se vistes este lago subterrâneo deves ter sido, ou bem um grande lama ou um criado que levava uma tocha. Mas como criado não poderias saber todas as coisas que tem me dito. Provavelmente também sabe que em muitos lugares de Lhasa há mananciais de águas termais e em algumas casas as pessoas usam esta água em seus afazeres.

― Lama, ouvi dizer que alguns animais, cervos, esquilos e chacais aproximam-se dos lamas que meditam nas grutas e que os símios, os macacos as vezes levam comida para eles.

― O quê é impossível? Uma coisa é evidente: que cervo não se aproximaria de um ser humano em uma cidade porque poucas vezes se encontram pessoas bem intencionadas em lugares congestionados de gente. A Humanidade não conhece a importância do efeito definido das auras; não se dão conta de que não somente os seres humanos mas também os objeto possuem auras significativas e eficazes.

― Lama, sabemos sobre a aura e estamos começando a fotografá-la. E quanto aos seres inanimados, também sabemos algo sobre o trono do Mestre e que nada pode tocar este trono. Desta maneira, a presença do Grande está sempre próxima.

― Se conheceis o valor de um trono tão venerado então conheces o significado da condição de Guru [Mestre Espiritual]. A relação com eles é a mais elevada que podemos alcançar na vida. Esta condição nos protege e ascendemos à perfeição conforme nossa estima pelo Guru. Aquele que conhece o significado essencial do Guru não falará contra as relíquias. No Ocidente, também tem retratos de seres queridos e sentis uma grande estima pelos símbolos e objetos que usaram vossos antepassados e grandes Guias. De modo que não tomeis por idolatria, mas como profunda veneração e recordação do trabalho realizado por alguém grande. E não somente esta veneração externa, porque se sabeis algo da emanação física dos objetos, então também sabeis algo sobre a magia natural. Que pensas sobre o cetro mágico que revela as riquezas da terra?

― Lama, em toda parte se conhecem muitas histórias sobre o estranho poder desta vareta mágica através da qual se localizam muitas minas, poços e mananciais.

― E quem, crê você, trabalha nestas experiências, a vareta ou o homem?

― Creio, Lama, que a vara é algo morto enquanto o homem emite vibrações e poder magnético, de tal modo que a varinha é somente uma pluma na mão.

― Sim, em nosso corpo tudo está concentrado; somente devemos saber como usar e como não abusar. Acaso, no Ocidente, sabem vocês algo em relação à Grande Pedra na qual estão concentrados poderes mágicos? E sabeis de que planeta vem esta pedra? E quem possuía este tesouro?

― Sobre a Grande Pedra temos tantas lendas como vocês têm imagens de Chintamani, Lama. Desde a antiga época dos druidas, muitos povos recordam estas lendas "de verdade" acerca das energias neste estranho objeto. Muitas vezes, estas pedras caídas possuem diamantes ocultos mas estes não são nada em comparação com alguns outros metais e energias desconhecidas que se encontram todos os dias nas pedras e nas numerosas correntes e raios.

Lapis Exilis (a pedra do Exílio), assim se chama a pedra que mencionam os antigos Meistersingers (Mestres Cantantes). Vemos que Ocidente e Oriente estão trabalhando juntos em muitos princípios. Não nos faz falta ir aos desertos para ouvir notícias da Pedra. em nossas cidades, em nossos laboratórios científicos, temos outras "lendas" e provas. Acaso alguém acreditaria que os contos fantásticos que falam do "homem-voador" se cumpririam? Contudo, nos dias de hoje, os viajantes se deslocam voando.

― Certamente, o Santo disse, há muito, que pássaros de aço voariam pelos ares. Mas, ao mesmo tempo, sem a necessidade de levantar essas massas tão pesadas, podemos elevar-nos em nossos corpos sutis. Vocês, ocidentais, sempre sonharam em escalar o monte Everest com pesadas botas; mas nós alcançamos as mesmas alturas e picos ainda mais altos sem problemas. só é necessário pensar, estudar, recordar e saber como utilizar conscientemente todas as experiências próprias nos corpos sublimes. Tudo isso é indicado no Kalachakra, mas uns poucos compreendem. Vocês, no ocidente, com seus equipamentos limitados, podem ouvir sons a longa distância. Podeis inclusive captar sons cósmicos. Mas, há muito, Milarepa, sem nenhum aparato, podia ouvir as vozes supremas.

Milarepa

― Lama, é verdade que Milarepa, em sua juventude, não foi um homem espiritual? Li em alguma parte que até matou toda a família de seu tio. Como, então, pode semelhante homem converter-se em um ser espiritualmente evolucionado depois de tais excessos de ira e até assassinato?

― Tens razão. Em sua juventude, Milarepa não só matou a família como também, provavelmente, cometeu muitos outros crimes horrendos. Mas os procedimentos do espírito são inexplicáveis. Ouvimos de um dos vossos missionários a história do vosso santo chamado Francisco. Sem dúvida, com certeza, em sua juventude cometeu muitas ofensas, sua vida não era pura. No entanto, como alcançou a perfeição ponto do Ocidente considerá-lo um dos santos mais enaltecidos? Através de vossos missionários, que visitaram Lhasa em séculos passados temos aprendido muitas histórias e alguns de vossos livros estão em nossas bibliotecas. Dizem que pode-se encontrar livros de vosso evangelho em algumas de nossas stupas. Quem sabe nós saibamos melhor que vocês como venerar as religiões estrangeiras...

― Lama, é difícil para nós, ocidentais, venerar vossa religião; muitas coisas são tão confusas, muitas coisas estão corruptas. Por exemplo, como um forasteiro poderia compreender, ao ver os monastérios completamente iguais por fora, que em um se pratique o budismo enquanto que outro é completamente adverso ao budismo? Se entramos nestes monastérios, vemos, superficialmente quase que as mesmas imagens. Assim, para um forasteiro, distinguir se uma suástica está invertida ou não, é tão difícil como compreender por quê a mesma iconografia pode significar adesão ou rejeição a Buda. É difícil para um estranho entender por quê as pessoas completamente ignorantes têm o mesmo título de "lama", como vós, que sabes muitas coisas e tem tanta cultura.

― Tem razão. Muitos lamas usam a vestimenta lamaísta mas sua vida interior é muito pior que a de um laico. Muitas vezes, entra milhares de lamas, pode-se conversar acerca de assuntos elevados e esperar uma resposta digna. Não sucede o mesmo com vossa religião?

Temos visto muitos missionários que embora falem do mesmo Cristo, atacam-se mutuamente. Cada um diz que seu ensinamento é superior. Eu creio que Issa (Jesus) tem um só ensinamento; então, como pode este grande símbolo ter divisões que se declaram hostis entre si? Não pense que somos ignorantes. Sabemos que ritos celebrados por uma seita de sacerdotes cristãos não são reconhecidos por outro sacerdote, também cristão. Portanto, poder-se-ia deduzir que devem existir muitos Cristos opostos.

Em nossos desertos são encontradas muitas cruzes cristãs. Uma vez perguntei a um missionário cristão se estas cruzes eram autenticas e ele me disse que eram cruzes bastardas, que durante todas as épocas o falso cristianismo tinha penetrado na Ásia e que não devemos considerar essas cruzes símbolos elevados. Então, diga-me, como distinguiremos uma cruz autentica de uma falsa? Nós também temos uma cruz no Grande Signo de Ak-Doje. Mas para nós, é o grande signo da vida, do elemento ardente: o signo eterno. Nada se falaria contra este signo!

― Lama, sabemos que só através do conhecimento do Espírito podemos perceber o quê é autêntico.

― Novamente demonstras conhecimento das grandes coisas. Novamente falais como como conhecedor do Kalachakra. Mas como desenvolveremos nosso grande conhecimento? É verdade, somos sábios de espírito; sabemos tudo mas como evocaremos este conhecimento das profundezas da nossa consciência e o transmitiremos às nossas mentes? Como reconheceremos as fronteiras necessárias entre a vida ascética e a vida comum? Como saberemos quanto tempo poderemos ser ermitões e quanto tempo deveremos trabalhar entre os homens? Como saberemos que conhecimento pode revelar-se sem causar dano e qual ― talvez o mais elevado ― pode ser divulgado somente para uns poucos? Nisto consiste o conhecimento de Kalachakra.

― Lama, o Grande Kalachakra é praticamente desconhecido pois se confunde com o ensinamento do Tantra inferior. Assim como existem verdadeiros budistas e seus opostos, os Bon-Po também existe um Tantra mais baixo, de feitiçaria e necromancia. O Santo denunciou a feitiçaria. Dizei-me, com franqueza, se um lama pode ser feiticeiro.

― Tens razão. Nossos grandes Mestres no somente proibiram a feitiçaria como também o uso indevido de forças superiores às normais. Mas se o espírito de alguém está tão avançado que pode levar a cabo muitas coisas e utilizar qualquer de suas energias de maneira natural e para o bem comum, então, já não se trata de feitiçaria, mas será uma dádiva para a Humanidade.

Através de nossos símbolos e imagens podeis ver como agiam os grandes Mestres; entre os grandes, vereis poucos em absoluta meditação. Em geral, empregam muito do seu tempo em nobres labores. Ensinam as pessoas a dominar as forças obscuras e dos elementos; não temem enfrentar as forças mais poderosas e aliar-se a elas pelo bem estar comum. As vezes podeis ver os Mestres em verdadeiro embate. dispersando as forças malignas do espírito.

A guerra terrena não é fomentada pelos budistas embora ao longo da história tenham sido atacados e sem jamais serem os agressores. Sabemos que durante vossa recente guerra os sacerdotes cristãos de ambos os lados diziam que Issa e Deus estavam com eles. Se Deus é Uno, devemos compreender que estava em conflito consigo mesmo. Como podem explicar uma contradição que para os budistas é completamente inexplicável?

― Lama, esta guerra está acabada. O erro mais desastroso que pode suceder mas agora todas as nações estão pensando em como abolir não somente a idéia mas também as armas e equipamentos da guerra.

― Acredita que deveriam ser abolidas as armas e veículos de guerra? Seria melhor transformar em instrumentos de paz e de ensinamentos mais elevados. Eu gostaria de ver os tanques de guerra convertidos em escolas itinerantes do alto ensinamento. Será isso possível? Durante minha viagem à China vi tantas armas e tanques e pensei que as espantosas invenções poderiam ser símbolos de um grande ensinamento. Seriam geradores de um tremendo fluxo de energia cósmica para o mundo.

― Lama, a serpente, que mata, é considerada símbolo de sabedoria...

― Provavelmente ouviste antiga parábola sobre como a serpente foi advertida que não mordesse sem sibilar... Cada um deve ser poderoso... Que proteção considerais a mais poderosa?

― Lama, certamente, somente o poder do espírito proporciona a proteção, porque somente no espírito somos fortalecidos mental e fisicamente. Um homem, concentrado espiritualmente é tão forte como uma dezenas de atletas musculosos. O homem que sabe usar seus poderes mentais é mais forte que a multidão.

― Ah, mais uma vez nos aproximamos de Kalachakra: quem pode viver sem alimento? Quem pode viver sem dormir? Quem é imune ao calor e ao frio? Quem pode curar feridas? Somente aquele que estuda o Kalachakra.

Os grandes Azaras que têm acesso aos ensinamentos da Índia conhecem a origem do Kalachakra. Sabem muitas coisas que, quando forem reveladas para ajudar a Humanidade, poderão regenerar a vida por completo. Inadvertidamente, muitas dos Ensinamentos de Kalachakra são usados, tanto no Oriente como no Ocidente e, tendo em conta esta utilização inconsciente os resultados são, muitas vezes, maravilhosos.

Portanto, é compreensível que sejam enormes as possibilidades desta dádiva conscientemente usada e com sabedoria. É uma energia eterna, matéria sublime e imponderável que se encontra dispersa por todas as partes e está a nosso alcance a todo momento. Este ensinamento do Kalachakra, essa utilização da energia primária tem sido chamada: Ensinamento do Fogo.

O povo hindu sabe que o grande Agni, ainda que seja um ensinamento antigo, será um ensinamento novo para o Novo Mundo. Devemos pensar no futuro; e sabemos que o ensinamento de Kalachakra; e sabemos que no ensinamento Kalchakra está todo o material que pode aplicar-se para o maior dos usos. Agora há muitos mestres, tão diferentes quanto hostis uns aos outros. Sem dúvida, muitos deles falam de uma única coisa e esta coisa está implícita no Kalachakra. Um de vossos sacerdotes me perguntou uma vez: "Acaso acabala e Shambahla não são parte deste único ensinamento?

Perguntou: "Acaso o grande Moisés não é um iniciado no mesmo ensinamento e um seguidor de suas leis? Podemos afirmar uma coisa: cada ensinamento de Verdade, cada ensinamento do alto princípio da vida provém de uma única fonte. Muitas antigas stupas budistas têm sido convertidas em templos Linga e muitas mesquitas em paredes e os fundamentos dos antigos viharas budistas. Mas que dano há nisso se essas construções têm sido dedicadas ao mesmo e único princípio elevado de vida? Muitas imagens budistas sobre as rochas encontram suas origens em ensinamentos anteriores ao Santo. Sem dúvida, também simbolizam a mesma coisa elevada.

O quê se revela no Kalachakra? Há muitas proibições? Não, o excelso ensinamento expõe somente o construtivo. Assim é. Se propõe as mesmas forças elevadas para a Humanidade. E se revela, com fundamento científico, como a Humanidade pode usar as forças naturais dos elementos. Quando dizem que a rota mais curta é através de Shambahla, através de Kalachakra, significa que a "graça" não é um ideal impossível, mas algo que se pode alcançar através de uma aspiração sincera e aplicação ao estudo aqui, nesta Terra e nesta encarnação. Este é o ensinamento de Sahmabhla e é verdade; qualquer um pode obtê-la [a graça]. Cada pode ouvir, um dia, a vos que diz Kalagiya.

Mas para alcançar este estado, um homem deve dedicar-se inteiramente ao labor criativo.Aqueles que trabalham com Shambahla, os Iniciados e mensageiros de Shambahla, não se sentem isolados, viajam por todas as partes. Com muita freqüência, pessoas os reconhecem e, as vezes, eles não se reconhecem entre si. Mas levam adiante seu trabalho, não para seu próprio proveito, mas para a grande Shambahla. Todos eles reconhecem o grande símbolo de caráter anônimo. a vezes parecem ricos mas todos eles, não têm nada para si mesmos.

Na essência, o Ensinamento de Shambahla fundamenta-se no seguinte: não falamos de algo distante e secreto. Se sabeis que Shambahla está aqui, na Terra; se sabeis que tudo pode ser alcançado aqui, na Terra, então tudo deve recompensar-se aqui, na Terra. Sabeis que a recompensa de Shambahla verdadeiramente está aqui.

O ensinamento de Shambahla não é único mas é vital porque se entrega para ser útil no plano das encarnações terrenas e pode ser aplicado às condições humanas, quaisquer que sejam.

Quando se lêem livros que tratam de Shambahla, ali se encontram grandes símbolos que podem ser incompreensíveis. No Ocidente, quando se fala de grandes invenções usa-se uma linguagem técnica e o leigo não compreende e toma as expressões literalmente julgando somente a superfície. Neste sentido, o mesmo pode dizer-se das escrituras e dos documentos científicos. Alguns tomam os grandes Puranas em seu sentido literal. Que podem concluir? Somente o que pode obter-se da superfície da linguagem, de sua filosofia, mas não a importância dos signos usafos. A harmonia do interior e do exterior pode ser alcançada através do estudo de Kalachakra. Provavelmente tens visto signos de Kalachakra na rochas, em lugares completamente desertos.

Algumas mãos desconhecidas fizeram um desenho nas pedras e gravaram letras de Kalachakra sobre as rochas. É verdade que somente através do ensinamento Kalachakra se pode chegar à perfeição da rota mais curta.

Kalagiya, Kalagiya, Kalagyia ― Retorna a Shambahla!

Logo nossa conversa se tornou mais bela e sagrada. Falamos da montanha de Kailash e dos ermitões que até hoje vivem nas grutas desta maravilhosa montanha enchendo e espaço com suas evocações de justiça. E logo falamos daquele lugar que fica ao norte de Kailash.

Caiu o crepúsculo e toda a habitação pareceu ganhar um novo significado. A imagem Chenrazi, soberbamente bordada sobre a seda brilhante acima da cabeça do lama parecia observar-nos. Estas imagens já não se encontram no Tibet.

Ao lado desta imagem havia outras, também com estranho brilho. Uma delas era Amitayus (Amitaba?); a outra, o senhor Buda,sempre imutável com o signo inconquistável do raio ― Dorjê , na mão... a Tara Branca sorri benignamente.

De um ramo de fúcsias e dálias violeta emanava uma refrescante vitalidade. Também ali brilhava a imagem do poderoso, o invencível Rigden Gyeppo e sua presença novamente nos fez recordar o lugar misterioso ao norte de Kailash. Nos cantos do estandarte havia quatro imagens muito significativas. Abaixo estava o sucessor de Rigden Gyeppo com um pandit hindu, um dos primeiros expoentes de Kalachakra. Nos cantos superiores havia imagens do Tashi Lama, à esquerda, Tecer Tashi Lama, Pan-chen Palden Ye-Che que deu notícias sobre Sahmbahla.

à direita havia uma figura correspondente ao atual Tashi Lama ― Pan‑chen Chö‑kyi nyi‑ma ge‑leg nam-jyal pal‑zang‑po... No centro do estandarte estava o próprio Rigden Gyeppo e, da base de seu trono irradiva a Ak-ojir-Ak Dorjê cruzada, a Cruz da vida. Uma legião de homens estava reunida diante do trono de Rigden. Havia um habitante de Ladak com seu alto sombreiro negro; chineses com seus chapéus redondos com uma bola vermelha em cima; com suas vestimentas brancas, havia um hindu; ali um muçulmano com turbante branco e kirguizes, buriatos, Kalmukos e monges com seus trajes característicos.

Cada um oferecia ao soberano os melhores presentes de suas terras: frutos e grãos; tecidos e armaduras e pedras preciosas. Nada os obrigava; vinham voluntariamente de todas as partes da Ásia a rodear o Grande Guerreiro. Seriam povos conquistados? Não, não havia humildade quando se acercavam dele. Do aromático incenso diante da imagem ascendiam vapores azulados que flutuavam formando numerosos signos da misteriosa língua chamada Senzar...

Talai‑Pho‑Brang, 1928
Tradução: Ligia Cabús