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domingo, 5 de setembro de 2010

AS IMPLICAÇÕES PARA A ÉTICA, A TEOLOGIA E A FILOSOFIA

 

        Enquanto iniciamos o século XXI, uma das mudanças mais interessantes observadas na ciência foi o alargamento de suas fronteiras a fim de enquadrar uma série de perguntas tradicionalmente filosóficas. Elas foram inseridas na ciência como resultado direto de seu próprio progresso. Descobertas recentes e os conseqüentes avanços no cuidado médico revelaram uma série de assuntos éticos que antes eram formalmente reservados ao debate filosófico. Muitos sentem agora que o progresso científico, muito embora trazendo benefícios imensuráveis, começou na verdade a ameaçar a santidade da vida humana.

  • Se fôssemos assumir que aspectos da consciência eram simplesmente produtos de atividade de células cerebrais, o que isso faria para nosso tecido social?
  • O que isso faria à noção do livre arbítrio e das afirmações?
  • O que isso faria aos nossos serviços judiciais? No grande extremo, isso significaria que ninguém poderia ser julgado por suas ações, uma vez que seriam suas células cerebrais e o ambiente que “fariam tudo”. Isso, é claro, não é a realidade da vida em sociedade, e só vamos nos tornar plenamente conscientes disso se jogarmos um tijolo em uma janela do mais reducionista dos neurocientistas! Na verdade, nós temos sim livre arbítrio, e somos responsáveis por nossas ações.

       Minha visão é que define tudo, incluindo assuntos que possam ser considerados teológicos e filosóficos, é receptivo ao objetivo da, ciência. Eu reconheço que, se descobrirem que a mente e a consciência possam existir no final da vidae independentes do cérebro, isso iria apoiar o conceito filosófico e teológico de um “pós-vida”, e sugeriria que o velho conceito de “alma” é o mesmo que os cientistas agora chamam de “consciência". Em minha opinião, o termo que usamos não é relevante, mas é importante estudar o processo cientificamente. Se a consciência for descoberta como uma entidade separada semelhante às ondas eletromagnéticas, então seria receptiva ao estudo científico. Como sugeriu Elahi, o estudo da consciência, ou “alma”, seria então tratado como ciência com seus próprios axiomas, leis e teoremas. Isto levaria a um estudo objetivo do que comumente é considerado assunto religioso e filosófico, e portanto terminando muitos desacordos e levando, por conseguinte, a uma sociedade muito mais tolerante. Da mesma forma que a ciência revolucionou nossa compreensão do mundo externo ao nosso redor, ela também poderia revolucionar nosso entendimento do mundo subjetivo dentro de nós.
        Antes da institucionalização da ciência, que começou com cientistas pioneiros como Galileu e Newton, qualquer um poderia afirmar estar certo sobre um determinado assunto. Todo o progresso que fizemos ao descobrir tanto o mundo que nos cerca quanto o intrincado universo interior, deve sua existência ao método objetivo de estudo que se iniciou há quase 500 anos. Acredito que agora devamos aplicar esta mesma objetividade que nossos antecessores, deixar de lado preconceitos filosóficos e pessoais, e começar a conduzir os experimentos quê nos permitiriam potencialmente descobrir a natureza da consciência humana.

Dr. Sam Parnia